O cinema português contemporâneo tem cartografado, de forma persistente, as geografias afectivas um “país distante”: uma procura pelos interstícios do tempo, assim como um olhar para dentro, para os lugares mais íntimos do devir da sociedade portuguesa entre a segunda e a terceira década do século XXI. Este é o contexto mais amplo que nos permite enquadrar A Metamorfose dos Pássaros, de Catarina Vasconcelos, que esta semana estreia nos cinemas portugueses depois de uma intensa e bem-sucedida carreira por festivais internacionais. A partir deste filme, encontram-se sinais de um regresso à intimidade familiar e a um certo cinema caseiro, utilizando um conjunto de recursos cinemáticos para dar conta de uma complexa teia de memórias e afectos.