Avaliação do impacto das Tecnologias de Comunicação e Informação no bem-estar de crianças doentes oncológicas e seus cuidadores

Este projeto surge primeiramente, para investigar a exposição alargada às TIC nas crianças1. Diversos estudos sustentam a existência de prejuízos para a linguagem2, cognição3, emoções e comportamento4, e uma maior vulnerabilidade para saúde física5, bem como dificuldades em estabelecer competências sociais e maturidade emocional6. Por outro lado, é possível que determinadas populações fragilizadas estejam mais expostas às TIC7. Nomeadamente, as crianças com doenças oncológicas poderão apresentar maior probabilidade de utilização das TIC para procurar suporte, sentido de pertença, formas de distração e fontes de inspiração na
interação online8. Surge igualmente a necessidade de estudar o impacto das TIC nos cuidadores destas crianças. Está descrito que os cuidadores têm dificuldade em gerir a adição digital daqueles de quem cuidam9. Também os cuidadores estão fragilizados pelo isolamento e sofrimento emocional e poderão recorrer às TIC como forma de superação. Assim, à fragilidade do bem-estar em crianças com doença oncológica e seus cuidadores, poderão acumular prejuízos associados à exposição excessiva às TIC. Até à data não conhecemos estudos que se foquem no abuso das TIC por parte dos cuidadores. No entanto, estudos recentes com pessoas idosas em isolamento mostram que uso das TIC pode ser benéfico10. Assim, pretendemos investigar, através de um questionário, se existe uma relação entre bem-estar e exposição às TIC tanto nos cuidadores como nas crianças com doença oncológica. Os participantes serão crianças com doença oncológica e os seus cuidadores. Prevemos recrutar 150 crianças com idades compreendidas entre os 8 e os 16 anos e 150 cuidadores. O questionário, respondido online, terá uma componente sociodemográfica visando a recolha de variáveis como a idade, género, nível de escolaridade, situação de saúde e hospitalização. O questionário também incluirá: i. a Versão Reduzida da Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS-VRP), instrumento que visa medir a experiência afetiva dos indivíduos, numa escala de 1 a 511; ii. a Escala de Medida de Manifestação de Bem-Estar Psicológico (EMMBEP) que visa avaliar o bem-estar psicológico dos indivíduos, numa escala de likert de 5 pontos12; iii. a versão portuguesa da Generalized Problematic Internet Use 2 (GPIUS2) avaliada numa escala de likert de 7 pontos13; e iv. o Nomophobia Questionnaire (NMP-Q) avaliada numa escala de likert de 7 pontos14. Pretendemos fazer análises correlacionais entre estas variáveis. Finalmente procuraremos, através da técnica do grupo focal, com um subgrupo de crianças e pais, explorar as alternativas às TIC. Este estudo pretende a criação de um programa de estratégias alternativas às TIC com a finalidade de promover o bem-estar da criança com impacto na melhoria dos cuidados prestados às crianças em internamento hospitalar. Num projeto futuro pretendemos implementar e avaliar a eficiência de tal programa.