Abstract
Se até 1935 a colorização de filmes se fazia na ausência de uma resposta de cariz técnico capaz de permitir captar imagens a cores, a partir desta data a colorização faz-se numa tentativa de, quase sempre contra a vontade do realizador, despertar novamente o interesse do espectador para uma obra que ele já viu (a preto e branco) e na procura de alcançar através da cor o mercado televisivo, pouco disponível para a exibição de filmes a preto e branco. Como resumo das conclusões do processo de investigação encetado podemos concluir que colorizar um filme a preto e branco, à revelia do seu autor, em nome da modernidade, de um suposto interesse colectivo ou em função de fortes apelos tecnológicos ou comerciais é um atropelo à cadeia inerente ao processo da criação fílmica que germina na intenção que o seu autor convoca para a obra e que culmina perante o olhar daquele que a descortina. Colorizar um filme na procura da reprodução exacta das cores captadas a preto e branco é pura utopia. Colorizar um filme não é só adulterá-lo, colorizar um filme é criar algo novo, falso e desprovido da intenção que esteve na sua génese, seja ela artística, conceptual ou estilística. Um filme colorizado é diferente em toda a sua essência do filme original. Não existem cópias colorizadas de filmes a preto e branco, antes existem outros filmes, adulterados, a cores e com uma intenção distinta daquela que esteve na génese criadora da obra original e única.
Original language | Portuguese |
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Title of host publication | Atas do VII Encontro Anual da AIM |
Editors | Ana Balona de Oliveira, Catarina Maia, Madalena Oliveira |
Publisher | Associação de Investigadores da Imagem em Movimento |
Pages | 129-138 |
Number of pages | 10 |
ISBN (Print) | 9789899821583 |
Publication status | Published - 2017 |
Event | VII Encontro Anual da AIM - Braga, Portugal Duration: 10 May 2017 → 13 May 2017 |
Conference
Conference | VII Encontro Anual da AIM |
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Country/Territory | Portugal |
City | Braga |
Period | 10/05/17 → 13/05/17 |