A presença feminina no CAPC na década de 1970

Mapear a educação artística portuguesa durante a ditadura do Estado Novo no século XX (1933-1974), é indissociável da política do Estado. Durante o regime de Salazar as abordagens educativas em Portugal foram limitadas de acordo com os rígidos protocolos estatais. Apesar destas restrições autoritárias, o Círculo de Artes Plásticas de Coimbra [CAPC], fundado em 1958, promoveu um tipo diferente de discurso e prática de aprendizagem, transformando a pedagogia da altura e moldando o futuro da educação artística portuguesa. Este contributo social e cultural transformou os dilemas contemporâneos enfrentados pelas mulheres artistas e educadoras portuguesas, assim como as suas narrativas. Durante a ditadura, a sociedade e a política portuguesas restringiram as possibilidades de pensamentos, práticas e discursos. Através da análise de entrevistas a educadores e estudantes realizadas durante estes anos salazaristas, esta crítica aborda as implicações da arte na educação em Portugal e o pensamento educativo do CAPC na época da ditadura. Em total contraste com o currículo restritivo da ditadura que proibia o pensamento crítico e reflexivo ou a experimentação, uma pequena cidade em Portugal oferecia a oportunidade aos alunos a um currículo aberto, a aprenderem e experimentarem no CAPC. Os alunos eram expostos a estímulos para desenvolver o pensamento crítico e a investigação, a resolução de problemas, a investigação através da prática e a aprendizagem enquanto se faz. Para compreender como o passado contribui para o presente e criar novas ligações e alinhamentos para a educação artística global, esta análise da educação artística portuguesa durante a ditadura é contextualizada à luz dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas para o século XXI, tais como proporcionando educação inclusiva e de qualidade, igualdade de género e empoderamento das mulheres e raparigas.