TY - JOUR
T1 - Doença periodontal, tabaco e parto pré-termo
AU - Resende, Marta
AU - Pinto, Elisabete
AU - Pinto, Miguel
AU - Montenegro, Nuno
PY - 2011/12/1
Y1 - 2011/12/1
N2 - O parto pré-termo (PPT) está associado a alta mortalidade e morbilidade perinatal, sendo os custos com os recém-nascidos pré-termo (RNPT) igualmente elevados, quer para as próprias famílias quer para o Sistema Nacional de Saúde. No entanto, tem havido dificuldade na redução da sua incidência, pois são vários os factores implicados. Existe evidência científica que suporta a relação entre a doença periodontal e a ocorrência de parto pré-termo. Parece ser consensual, de igual modo, considerar o tabaco um factor de risco da doença perio-dontal, embora a sua relação com o PPT ainda não seja clara.Os objectivos deste estudo visaram avaliar e caracterizar o estado periodontal/dentário num grupo de puérperas, avaliar a sua exposição tabágica e relacionar os indicadores periodontais/dentários e a exposição tabágica com a ocorrência de PPT. Realizou-se um estudo, caso-controlo, com 237 puérperas do Internamento do Serviço de Gi-necologia e Obstetrícia do Hospital S. João, E.P.E. nas primeiras 48 horas após o parto: 86 de RNPT espontâneo com idade gestacional inferior a 37 semanas de gestação (grupo-caso) e 151 de RNs de termo e peso ao nascimento igual ou superior a 2500g (grupo-controlo). A prevalência de patologia do foro periodontal encontrada na população estudada foi extrema-mente elevada, nomeadamente a inflamação e recessão gengival, apresentando mais de 30% das puérperas valores de profundidade de sondagem iguais ou superiores a 4mm. Dos indicadores periodontais estudados, apenas a presença de recessão em mais de dois dentes parece aumentar o risco de PPT em cinco vezes. (OR=5,28; IC95%: 1,63-17,04). A associação encontrada entre o valor aumentado de profundidade de sondagem e o consumo tabágico durante a gravidez poderá ser relevante, dado que 20% das puérperas de RNPT fumaram durante a gravidez e a proporção das mulheres que deixaram de fumar neste grupo foi cerca de metade da proporção observada no grupo-controlo. Existe, portanto, a necessidade de englobar a informação relativa a esta temática na educação para a saúde, não só da grávida, mas de toda a população em geral, alertando para os malefícios do tabaco na doença periodontal, na grávida e no recém-nascido. Intervenções para ajudar a grávida a deixar de fumar deverão fazer não só parte da Consulta de Saúde Materna e Obstetrícia mas também da Consulta de Medicina Dentária.
AB - O parto pré-termo (PPT) está associado a alta mortalidade e morbilidade perinatal, sendo os custos com os recém-nascidos pré-termo (RNPT) igualmente elevados, quer para as próprias famílias quer para o Sistema Nacional de Saúde. No entanto, tem havido dificuldade na redução da sua incidência, pois são vários os factores implicados. Existe evidência científica que suporta a relação entre a doença periodontal e a ocorrência de parto pré-termo. Parece ser consensual, de igual modo, considerar o tabaco um factor de risco da doença perio-dontal, embora a sua relação com o PPT ainda não seja clara.Os objectivos deste estudo visaram avaliar e caracterizar o estado periodontal/dentário num grupo de puérperas, avaliar a sua exposição tabágica e relacionar os indicadores periodontais/dentários e a exposição tabágica com a ocorrência de PPT. Realizou-se um estudo, caso-controlo, com 237 puérperas do Internamento do Serviço de Gi-necologia e Obstetrícia do Hospital S. João, E.P.E. nas primeiras 48 horas após o parto: 86 de RNPT espontâneo com idade gestacional inferior a 37 semanas de gestação (grupo-caso) e 151 de RNs de termo e peso ao nascimento igual ou superior a 2500g (grupo-controlo). A prevalência de patologia do foro periodontal encontrada na população estudada foi extrema-mente elevada, nomeadamente a inflamação e recessão gengival, apresentando mais de 30% das puérperas valores de profundidade de sondagem iguais ou superiores a 4mm. Dos indicadores periodontais estudados, apenas a presença de recessão em mais de dois dentes parece aumentar o risco de PPT em cinco vezes. (OR=5,28; IC95%: 1,63-17,04). A associação encontrada entre o valor aumentado de profundidade de sondagem e o consumo tabágico durante a gravidez poderá ser relevante, dado que 20% das puérperas de RNPT fumaram durante a gravidez e a proporção das mulheres que deixaram de fumar neste grupo foi cerca de metade da proporção observada no grupo-controlo. Existe, portanto, a necessidade de englobar a informação relativa a esta temática na educação para a saúde, não só da grávida, mas de toda a população em geral, alertando para os malefícios do tabaco na doença periodontal, na grávida e no recém-nascido. Intervenções para ajudar a grávida a deixar de fumar deverão fazer não só parte da Consulta de Saúde Materna e Obstetrícia mas também da Consulta de Medicina Dentária.
UR - http://www.scopus.com/inward/record.url?scp=84863455458&partnerID=8YFLogxK
M3 - Article
C2 - 22849931
AN - SCOPUS:84863455458
SN - 0870-399X
VL - 24
SP - 419
EP - 430
JO - Acta Medica Portuguesa
JF - Acta Medica Portuguesa
IS - SUPPL.2
ER -