Estudos sobre as dependências: contributos para a prática

Paulo C. Dias (Editor), Álvaro García del Castillo-López, José A. García del Castillo

Research output: Book/ReportEdited book

Abstract

A abordagem dos problemas colocados pelo uso de substâncias psicoativas e, de forma mais abrangente, dos comportamentos suscetíveis de causar adição, enfrenta, ela própria, novos desafios, sobretudo no que diz respeito à prevenção. Até há pouco mais de 20 anos, assentava num paradigma fortemente repressivo, baseado numa representação social e num imaginário coletivo que situava estes comportamentos num plano muito próximo do conceito de pecado, ou pelo menos de vício, de algo que era necessário recalcar ou reprimir. Essa representação encontrava tradução no quadro legal generalizadamente proibicionista e mesmo criminalizador presente nos diversos países. Daí passámos a uma abordagem em que assumiu preponderância a visão de saúde pública, de promoção de hábitos de vida saudável e de evitamento das consequências, não sendo já estas as decorrentes da atividade das polícias ou dos tribunais, mas dos impactos diretos ou indiretos na saúde, na integridade física e mental. Vivemos situações de incongruência durante este processo: por exemplo, como poderiam os técnicos de saúde, em nome do Estado que criminalizava, fornecer ao utilizador de drogas os utensílios ou condições para a prática do crime (troca de seringas e agulhas, espaços de consumo vigiado)?Emerge agora um novo paradigma: o da regulação, em que os Estados intervêm em todo o processo de disponibilização das diversas substâncias. Há “laboratórios sociais” a ensaiar esta via; mantendo o pressuposto em que todos assentam, que é o de que importa reduzir os impactos, quer da instalação da dependência, quer das consequências de qualquer uso (ainda que ocasional, recreativo ou qualquer outra designação que lhe queiramos dar). É necessário acompanhar e avaliar estas experiências, ainda todas de início recente. O que vai acontecer? Os jovens vão ter inícios de consumos mais precoces? Vamos ter um aumento generalizado da experimentação? Mais dependentes? Mais episódios de urgência? Mais acidentes, mais violência? Ou, pelo contrário, vamos ter uma evolução positiva destes indicadores? E, neste contexto, que discurso adotar, em termos de prevenção?Esta obra, cujos autores nos habituaram a reflexões de grande valia para a nossa prática, oferece importantes contributos para a intervenção neste novo ambiente.
Original languagePortuguese
Place of PublicationBraga
PublisherAxioma - Publicações da Faculdade de Filosofia
Number of pages308
ISBN (Print)9789726973010
DOIs
Publication statusPublished - 2018

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