Explorando o poder antibacteriano de compostos bioativos naturais extraídos dos subprodutos do limão

Os citrinos estão entre as frutas mais cultivadas e consumidas na região mediterrânica, com uma produção anual de cerca de 143 mil toneladas. Em 2019, os limões e as limas contribuíram com cerca de 20 mil toneladas dessa produção. No entanto, a indústria utiliza efetivamente apenas 45% do peso total dos frutos. Consequentemente, gera-se uma quantidade considerável de subprodutos como cascas (27%), polpa (26%) e sementes (2%). Os subprodutos de limão são ricos em compostos como minerais, carotenoides, vitaminas, óleos essenciais, compostos fenólicos e fibras, que apresentam propriedades bioativas importantes, incluindo ação antibacteriana [1]. Este trabalho teve como objetivo explorar o potencial antimicrobiano de três ingredientes funcionais: óleo essencial, compostos fenólicos e fibras extraídos de forma integrada dos subprodutos de limão, visando ampliar seu uso como conservantes alimentares. A atividade antibacteriana destes ingredientes funcionais foi avaliada pela determinação da concentração mínima inibitória (CMI) e da concentração mínima bactericida (CMB), contra bactérias Gram-positivas (Staphylococcus aureus e Bacillus cereus) e Gram-negativas (Escherichia coli e Salmonella enterica). O óleo essencial de limão foi extraído por hidrodestilação e subsequentemente caracterizado por GC-MS, tendo sido identificado o D-limoneno como o composto predominante (70,16%). Este óleo demonstrou atividade antibacteriana contra todos os microrganismos testados, com maior eficácia contra bactérias Gram-positivas, com uma CMI de 21,50 μL/mL. Os compostos fenólicos foram recuperados por extração hidroetanólica, sendo a eriocitrina (0,80 mg/mL) e a hesperidina (0,48 mg/mL), os compostos mais abundantes. Estes compostos também apresentaram atividade contra todas as bactérias testadas. Contrariamente aos óleos essenciais, este extrato apresentou maior eficácia contra as bactérias Gram-negativas, como S.enterica, com uma CMI de 31,25 μL/mL e uma CMB de 250 μL/mL. Relativamente à fibra diatética obtida dos subprodutos de limão, como esperado, esta não revelou uma capacidade antibacteriana significativa. Em conclusão, verificou-se que o óleo essencial e o extrato rico em compostos fenólicos, obtidos das cascas de limão, apresentaram um elevado poder antibacteriano contra as bactérias testadas. Embora a fibra não tenha apresentado uma atividade antibacteriana relevante, é um ingrediente de alto valor nutricional. Deste modo, valorizar os subprodutos do limão não só oferece soluções promissoras e sustentáveis para a conservação alimentar, como também sublinha a importância de transformar resíduos em recursos valiosos, promovendo uma abordagem de economia circular na indústria global dos citrinos.