Mikhail Gorbatchov e o fim do império soviético: entre o sonho e o colapso de um regime (im)perfeito

Este livro parte do princípio de que a História não é, nunca será, independente dos homens que a constroem. E estes homens, por seu turno, assim como as suas ações, nunca serão independentes das suas raízes, da sua cultura e da sua educação. É por isso que esta história – aqui com «h» minúsculo – começa em 1931, quando nasce Gorbatchov, e se estende até ao dia de Natal de 1991, quando é extinta a URSS e a bandeira vermelha no Kremlin dá lugar à bandeira tricolor da Federação Russa. Neste intervalo de tempo, que equivale a uma vida, está o percurso de um líder que, antes de o ser, foi uma criança, um pequeno pioneiro, um jovem apparatchik, uma estrela em ascensão nas camadas altas do Partido Comunista da União Soviética (PCUS), um «produto autêntico do sistema», em quem foi depositada a esperança quimérica de reerguer o sovietismo. Gorbatchov é este herói-trágico, como o chama um dos seus biógrafos, William Taubman. Para compreender a tragédia e o que de heroico existe nele, é preciso conhecê-lo desde 1931, experimentando observar a realidade pelos seus olhos.