O conhecimento epistémico docente: reflexão autobiográfica

Do desafio da investigação sobre o conhecimento dos professores emerge a necessidade do autoconhecimento como forma de recuperar a identidade e a intencionalidade pedagógica: reconhecer o que pensamos, acreditamos e, sobretudo, o que sabemos profissionalmente (Fenstermacher, 1994). Do conhecimento epistémico (quer científico, quer pedagógico), assim como da experiência prática, resulta o desenvolvimento do conhecimento profissional do professor, quando apoiado em momentos de reflexão e de trabalho colaborativo e ainda em aprendizagem e formação contínua. Tomando como objeto o próprio percurso de investigação e usando o estudo autobiográfico como instrumento de aprendizagem e construção do próprio investigador (Abrahão, 2003), parte-se da questão de Kelchtermans (2017), "Porque é que os professores estão a fazer o que estão a fazer da forma como estão a fazer?" para abordar a complexidade do conceito de conhecimento epistémico docente. Narra-se o percurso marcado pelas incertezas mas também pela procura da autocompreensão e consciência de si mesmo na docência. A deslocação entre os tempos da narrativa - passado e presente – lança novas questões em direção ao futuro, já que o investigador-narrador toma consciência das transformações durante o seu exercício profissional. Conclui-se que a reflexão e o registo autobiográfico constituem processos de formação docente relevantes por favorecerem a metacognição da ação docente, servindo de referência metodológica para o trabalho curricular.