O enfermeiro do trabalho na análise de determinantes de saúde dos trabalhadores

P. Henriques, Paulo Alves, M. Gomes, V. Neves, A. Henriques, N. Gomes

Research output: Contribution to journalArticlepeer-review

Abstract

OBJETIVO O ambiente laboral é um contexto privilegiado de intervenção para proteção e à promoção da saúde dos colaboradores. Cabe ao profissional de saúde conhecer os determinantes de saúde da sua população, com o objetivo de atuar de acordo com as necessidades detetadas, nas prioridades estabelecidas, acompanhar as intervenções e avaliar resultados, num modelo dinâmico de intervenção contínua. Neste sentido foi objetivo deste estudo identificar determinantes de saúde em profissionais de saúde de um Serviço de Patologia Clínica. MÉTODOS Trata-se de um estudo descritivo, transversal, com metodologia quantitativa, envolvendo 55 colaboradores, que se encontravam no desempenho de funções no Serviço de Patologia Clínica, de um hospital da região Norte de Portugal e decorreu entre abril e junho de 2012. Com o objetivo de conhecer diferentes determinantes de saúde, destes colaboradores, foi aplicado um inquérito e consultadas duas aplicações informáticas, permitindo efetuar um diagnóstico de saúde dos mesmos, constituindo assim a base do planeamento de intervenções imediatas e futuras a serem desenvolvidas, pelo Enfermeiro do Trabalho. Neste contexto, foram analisados alguns determinantes de saúde, nomeadamente hábitos tabágicos, alimentares, sono, atividade física e consumo de café; pressão arterial (TA); vacinação, presença de patologias e Índice de Massa Corporal (IMC), que condicionam positiva ou negativamente o estado de saúde. Foi também finalidade a deteção precoce de casos de tuberculose infeção latente. Adicionalmente foi estimado o risco cardiovascular nos próximos 10 anos, tendo como base de cálculo a Escala de avaliação de risco cardiovascular de Framingham. RESULTADOS A amostra constitui-se por 55 indivíduos. É uma equipa de trabalho jovem, com uma média de idades situada nos 42,9 anos, encontrando-se distribuída por 5 categorias profissionais e onde o género feminino é prevalente com 81,81%. No que concerne ao estado vacinal, 80,0% dos colaboradores têm a vacina do tétano atualizada e 60,0% a primovacinação completa da hepatite B. No que diz respeito ao número de refeições que ingerem por dia, a média situou-se nas 4,7 refeições e no número de cafés, a média foi de 2,1 cafés por dia. A média de horas de sono por dia ficou nas 6,8 horas. Metade dos colaboradores, 50,90%, pratica exercício físico. Referiram hábitos tabágicos uma proporção considerável de colaboradores (34,54%). Apresentaram o IMC dentro da variação normal 49,09%, 7,27% registou baixo peso e 29,07% apresentou risco associado de comorbilidades. Relativamente à TA 65,44% apresentaram-se entre a TA Ótima (<120mmHg e <80mmHg) e a TA Normal (102-129mmHg e/ou 80-84mmHg) e 21,8% encontram-se nas categorias de risco. O Teste Interferon Gamma Release (IGRA) foi negativo em 70,90% e positivo em 9,09%. Relativamente à avaliação do risco cardiovascular em 10 anos, segundo a Escala de avaliação de risco cardiovascular de Framingham, verificou-se que 70,90% apresentou baixo risco para a doença cardiovascular, 1,81% risco médio e 1,81% manifestou alto risco. Ainda segundo a mesma Escala, pudemos observar no que diz respeito à idade real superior à idade vascular/cardíaca e à idade real inferior à idade vascular/cardíaca a percentagem de colaboradores encontrada foi igual em ambas (34,54%). No que diz respeito à idade real igual à idade vascular/cardíaca o valor encontrado foi de 5,45% dos colaboradores. CONCLUSÕES O diagnóstico de saúde realizado a estes colaboradores permitiu mobilizar estratégias de prevenção da doença, promoção de estilos de vida saudáveis e fomentar ambientes de trabalho saudáveis e seguros. Podemos inferir que o facto de ser um grupo privilegiado em termos de acesso a informação no âmbito da saúde, nomeadamente fatores de risco e a cuidados de saúde, poderá ter influenciado de forma positiva os resultados dos determinantes de saúde estudados. Assim, o Enfermeiro do Trabalho, deve privilegiar nas suas intervenções não só a capacitação dos colaboradores para controlarem a sua saúde como para fazerem escolhas saudáveis, considerando o conhecimento prévio dos determinantes de saúde. O Enfermeiro do Trabalho, ao agir positivamente sobre os determinantes de saúde, está a promover ganhos em saúde, permitindo melhorar a qualidade de vida dos indivíduos, das instituições e da sociedade em geral.
Original languagePortuguese
Pages (from-to)39-51
Number of pages13
JournalRevista Portuguesa de Saúde Ocupacional
Volume1
DOIs
Publication statusPublished - 22 Feb 2016

Cite this