TY - CONF
T1 - Paradigma pedagógico inaciano
T2 - V Congresso Internacional de Pedagogia - Educação e Cultura de Paz: Memória, Verdade e Perdão
AU - Dias, Paulo César
AU - Silva, Catarina Vieira da
AU - Gonçalves, Armanda
AU - Petrella, Simone
AU - Lopes, José Manuel Martins
PY - 2024/1
Y1 - 2024/1
N2 - O mundo complexo de hoje é confrontado com diferentes paradoxos e inexplicabilidades, gerando um tempo marcado pela insegurança, imprevisibilidade, fragmentação e incerteza (Arendt, 2001; Latour, 2021; Han, 2014; Stiglitz, 2013), mas também de profunda transformação (Lipovetsky & Serroy, 2010; Schwab, 2017). Neste quadro globalista surgem novas tensões e contradições culturais da época colocando desafios a diferentes níveis. O ensino superior, igualmente, tem vindo a sofrer alterações nos seus ideais educativos, sendo espelhados em uma reforma intelectual profunda, passando como referem Lipovetsky e Serroy (2008) de uma sociedade disciplinar-autoritária para uma sociedade-consumista-neo-individualista. Isso tem-se refletido num sistema que discute os seus valores, ou defende uma educação livre de valores, pela sua hipotética relação com uma herança social e cultural que se pretende discutir, e que importa questionar. Num ensino superior desorientado, com parca identidade com os cânones de conhecimento, o projeto pedagógico inaciano, que embora para muitos possa ser considerado inovador, como refere Lopes (2018), é um projeto pedagógico renovado cuja herança e transmissão pode ajudar a dar resposta aos desafios do futuro. A principal referência para a proposta educativa da Companhia de Jesus é a própria pessoa de Santo Inácio de Loiola e os Exercícios Espirituais (Santo Inácio de Loiola, 2016), mas também os textos fundadores, como as Constituições da Companhia de Jesus (Santo Inácio de Loiola, 1997), o modus parisiensis (Gabriel Codina Mir, 1968), a Ratio Studiorum e as Congregações Gerais. São as fontes primeiras para o modo de ser e estar da Companhia de Jesus na educação, num diálogo constante entre espiritualidade e educação, mantendo a fidelidade aos princípios e a criatividade, na ação, em cada contexto e a cada momento. Decorrem desta reflexão documentos como as Características da Educação da Companhia de Jesus (GRACOS, 1987), a Pedagogia Inaciana - Uma Abordagem Prática (GRACOS, 1994) e mais recentemente, Colégios Jesuítas: Uma tradição viva no século XXI – um exercício contínuo de discernimento (ICAJE, 2019). Na presente comunicação, pretende-se refletir e discutir os princípios do paradigma pedagógico inaciano, à luz do conhecimento atual sobre as ciências do desenvolvimento e as teorias da aprendizagem, e perspetivar implicações para uma clarificação da identidade, valores e missão da Universidade. Num espírito dialógico e reflexivo, pretende-se ainda salientar os elementos diferenciadores deste paradigma, tendo em conta as teorias da aprendizagem e da relação pedagógica, que centram a sua ação educativa no estudante e no seu desenvolvimento integral. Para além dos seus comportamentos, ou cognições, importa preparar estudantes para um mundo complexo e incerto, e um referencial de valores humanos pode fazer a diferença no desenvolvimento dos estudantes e na transformação social que é necessária. Um segundo objetivo desta comunicação, passa por discutir as implicações desta clarificação de valores na construção de um ensino superior plural e democrático. Num contexto de globalização do ensino, de progressiva liberalização da gestão, há um risco de burocratização (Álvarez, 2018) que empobrece a discussão, a investigação e a política. Propomo-nos, assim, a refletir sobre o efeito da adoção de um paradigma inaciano na visão, na missão da instituição, e sobre de que forma o seu alinhamento com as políticas organizacionais contribui para o serviço à comunidade e a transformação social. A clarificação da identidade, o seu reflexo nas suas práticas, é essencial para uma maior coerência da sua ação e do seu serviço público, para um mundo mais fraterno, mais justo, mais solidário e mais pacífico.
AB - O mundo complexo de hoje é confrontado com diferentes paradoxos e inexplicabilidades, gerando um tempo marcado pela insegurança, imprevisibilidade, fragmentação e incerteza (Arendt, 2001; Latour, 2021; Han, 2014; Stiglitz, 2013), mas também de profunda transformação (Lipovetsky & Serroy, 2010; Schwab, 2017). Neste quadro globalista surgem novas tensões e contradições culturais da época colocando desafios a diferentes níveis. O ensino superior, igualmente, tem vindo a sofrer alterações nos seus ideais educativos, sendo espelhados em uma reforma intelectual profunda, passando como referem Lipovetsky e Serroy (2008) de uma sociedade disciplinar-autoritária para uma sociedade-consumista-neo-individualista. Isso tem-se refletido num sistema que discute os seus valores, ou defende uma educação livre de valores, pela sua hipotética relação com uma herança social e cultural que se pretende discutir, e que importa questionar. Num ensino superior desorientado, com parca identidade com os cânones de conhecimento, o projeto pedagógico inaciano, que embora para muitos possa ser considerado inovador, como refere Lopes (2018), é um projeto pedagógico renovado cuja herança e transmissão pode ajudar a dar resposta aos desafios do futuro. A principal referência para a proposta educativa da Companhia de Jesus é a própria pessoa de Santo Inácio de Loiola e os Exercícios Espirituais (Santo Inácio de Loiola, 2016), mas também os textos fundadores, como as Constituições da Companhia de Jesus (Santo Inácio de Loiola, 1997), o modus parisiensis (Gabriel Codina Mir, 1968), a Ratio Studiorum e as Congregações Gerais. São as fontes primeiras para o modo de ser e estar da Companhia de Jesus na educação, num diálogo constante entre espiritualidade e educação, mantendo a fidelidade aos princípios e a criatividade, na ação, em cada contexto e a cada momento. Decorrem desta reflexão documentos como as Características da Educação da Companhia de Jesus (GRACOS, 1987), a Pedagogia Inaciana - Uma Abordagem Prática (GRACOS, 1994) e mais recentemente, Colégios Jesuítas: Uma tradição viva no século XXI – um exercício contínuo de discernimento (ICAJE, 2019). Na presente comunicação, pretende-se refletir e discutir os princípios do paradigma pedagógico inaciano, à luz do conhecimento atual sobre as ciências do desenvolvimento e as teorias da aprendizagem, e perspetivar implicações para uma clarificação da identidade, valores e missão da Universidade. Num espírito dialógico e reflexivo, pretende-se ainda salientar os elementos diferenciadores deste paradigma, tendo em conta as teorias da aprendizagem e da relação pedagógica, que centram a sua ação educativa no estudante e no seu desenvolvimento integral. Para além dos seus comportamentos, ou cognições, importa preparar estudantes para um mundo complexo e incerto, e um referencial de valores humanos pode fazer a diferença no desenvolvimento dos estudantes e na transformação social que é necessária. Um segundo objetivo desta comunicação, passa por discutir as implicações desta clarificação de valores na construção de um ensino superior plural e democrático. Num contexto de globalização do ensino, de progressiva liberalização da gestão, há um risco de burocratização (Álvarez, 2018) que empobrece a discussão, a investigação e a política. Propomo-nos, assim, a refletir sobre o efeito da adoção de um paradigma inaciano na visão, na missão da instituição, e sobre de que forma o seu alinhamento com as políticas organizacionais contribui para o serviço à comunidade e a transformação social. A clarificação da identidade, o seu reflexo nas suas práticas, é essencial para uma maior coerência da sua ação e do seu serviço público, para um mundo mais fraterno, mais justo, mais solidário e mais pacífico.
M3 - Abstract
Y2 - 18 January 2024 through 20 January 2024
ER -