TY - JOUR
T1 - Resistência à terapêutica com eritropoietina humana recombinante em doentes hemodializados
AU - Costa, Elísio
AU - Lima, Margarida
AU - Rocha, Susana
AU - Rocha-Pereira, Petronila
AU - Reis, Flávio
AU - Castro, Elisabeth
AU - Teixeira, Frederico
AU - Miranda, Vasco
AU - Faria , Maria do Sameiro
AU - Loureiro , Alfredo
AU - Quintanilha, Alexandre
AU - Belo, Luís
AU - Santos-Silva, Alice
PY - 2009/6/1
Y1 - 2009/6/1
N2 - Com o objectivo de clarificar o mecanismo de resistência à terapêutica com eritropoietina humana recombinante (EPOhr) em doentes hemodializados, estudamos alterações a ela associada, com particular interesse na inflamação, activação leucocitária, ciclo do ferro, stress oxidativo e lesão eritrocitária. Foram estudados 63 doentes renais crónicos (DRC) em hemodiálise e terapêutica com EPOhr (32 respondedores e 31 não respondedores à terapêutica com EPOhr) e 26 indivíduos controlo. Em 20 dos DRC (10 respondedores e 10 não respondedores à terapêutica com EPOhr), foram também colhidas amostras de sangue imediatamente após a hemodiálise para estudar os efeitos deste procedimento. Quando comparados com os controlos, os DRC em hemodiálise apresentaram linfocitopenia, resultante de uma diminuição da contagem dos linfócitos CD3+ e em que ambos os subtipos de linfócitos T CD4+ e CD8+ se encontravam diminuídos. Estes linfócitos apresentavam marcadores celulares de estimulação continuada aumentados e capacidade aumentada de produzir citoquinas associadas com a resposta imune do tipo Th1. Adicionalmente, estes doentes apresentavam marcadores inflamatórios, e aumento na activação dos neutrófilos. No que se refere ao estudo do ciclo do ferro, os DRC apresentavam aumento dos níveis séricos de ferritina e prohepcidina, e uma diminuição na transferrina. Adicionalmente, foram também encontradas alterações na composição proteica da membrana dos eritrócitos e no perfil da banda 3, sendo a diminuição da espectrina a alteração mais significativa. Aumento na capacidade antioxidante total (TAS), na peroxidação lipídica (TBA) e da razão TBA/TAS foram também demonstrados. Quando comparamos os dois grupos de DRC, verificamos que os não respondedores à terapêutica com EPOhr apresentavam diminuição no número total de linfócitos e nos linfócitos T CD4+, e aumento nos marcadores inflamatórios e na activação dos neutrófilos. Não encontramos diferenças significativas nos parâmetros relacionados com o ciclo do ferro, com excepção do receptor solúvel da transferrina, que se encontrava aumentado nos não respondedores. Os níveis séricos de prohepcidina encontravam-se diminuídos nos não respondedores; no entanto, encontravam-se mais elevados que no grupo controlo. Diminuição acentuada no conteúdo em espectrina, alterações no perfil de banda 3 [diminuição fragmentos proteolíticos da banda 3 (Pfrag) e na razão Pfrag/monómero de banda 3], e uma tendência para valores aumentados de hemoglobina ligada à membrana foram também encontrados nos DRC não respondedores à terapêutica com EPOhr. Em conclusão, apesar da etiologia à resistência à terapêutica com EPOhr não estar ainda completamente esclarecidaos nossos resultados confirmam que a inflamação parece ter um papel muito importante. Encontramos também relação entre resistência è terapêutica com EPOhr com défice funcional em ferro, linfocitopenia e linfocitopenia T CD4+, níveis plasmáticos aumentados de elastase, níveis séricos aumentados de interleucina-7, e alterações na estrutura das proteínas de membrana do eritrócito e no perfil de banda 3. Mais estudos serão necessários para se entender a associação entre a inflamação, e resistência à terapêutica com EPOhr e diminuição na disponibilidade em ferro.
AB - Com o objectivo de clarificar o mecanismo de resistência à terapêutica com eritropoietina humana recombinante (EPOhr) em doentes hemodializados, estudamos alterações a ela associada, com particular interesse na inflamação, activação leucocitária, ciclo do ferro, stress oxidativo e lesão eritrocitária. Foram estudados 63 doentes renais crónicos (DRC) em hemodiálise e terapêutica com EPOhr (32 respondedores e 31 não respondedores à terapêutica com EPOhr) e 26 indivíduos controlo. Em 20 dos DRC (10 respondedores e 10 não respondedores à terapêutica com EPOhr), foram também colhidas amostras de sangue imediatamente após a hemodiálise para estudar os efeitos deste procedimento. Quando comparados com os controlos, os DRC em hemodiálise apresentaram linfocitopenia, resultante de uma diminuição da contagem dos linfócitos CD3+ e em que ambos os subtipos de linfócitos T CD4+ e CD8+ se encontravam diminuídos. Estes linfócitos apresentavam marcadores celulares de estimulação continuada aumentados e capacidade aumentada de produzir citoquinas associadas com a resposta imune do tipo Th1. Adicionalmente, estes doentes apresentavam marcadores inflamatórios, e aumento na activação dos neutrófilos. No que se refere ao estudo do ciclo do ferro, os DRC apresentavam aumento dos níveis séricos de ferritina e prohepcidina, e uma diminuição na transferrina. Adicionalmente, foram também encontradas alterações na composição proteica da membrana dos eritrócitos e no perfil da banda 3, sendo a diminuição da espectrina a alteração mais significativa. Aumento na capacidade antioxidante total (TAS), na peroxidação lipídica (TBA) e da razão TBA/TAS foram também demonstrados. Quando comparamos os dois grupos de DRC, verificamos que os não respondedores à terapêutica com EPOhr apresentavam diminuição no número total de linfócitos e nos linfócitos T CD4+, e aumento nos marcadores inflamatórios e na activação dos neutrófilos. Não encontramos diferenças significativas nos parâmetros relacionados com o ciclo do ferro, com excepção do receptor solúvel da transferrina, que se encontrava aumentado nos não respondedores. Os níveis séricos de prohepcidina encontravam-se diminuídos nos não respondedores; no entanto, encontravam-se mais elevados que no grupo controlo. Diminuição acentuada no conteúdo em espectrina, alterações no perfil de banda 3 [diminuição fragmentos proteolíticos da banda 3 (Pfrag) e na razão Pfrag/monómero de banda 3], e uma tendência para valores aumentados de hemoglobina ligada à membrana foram também encontrados nos DRC não respondedores à terapêutica com EPOhr. Em conclusão, apesar da etiologia à resistência à terapêutica com EPOhr não estar ainda completamente esclarecidaos nossos resultados confirmam que a inflamação parece ter um papel muito importante. Encontramos também relação entre resistência è terapêutica com EPOhr com défice funcional em ferro, linfocitopenia e linfocitopenia T CD4+, níveis plasmáticos aumentados de elastase, níveis séricos aumentados de interleucina-7, e alterações na estrutura das proteínas de membrana do eritrócito e no perfil de banda 3. Mais estudos serão necessários para se entender a associação entre a inflamação, e resistência à terapêutica com EPOhr e diminuição na disponibilidade em ferro.
KW - Resistance to recombinant human erythropoietin
KW - Haemodialysis
KW - Erythropoietin
KW - Inflammation
KW - Iron status
KW - Leukocyte activation
KW - Eritropoietina humana recombinante
KW - Hemodiálise
KW - Inflamação
KW - Ciclo do ferro
KW - Activação leucocitária
U2 - 10.34632/cadernosdesaude.2009.2790
DO - 10.34632/cadernosdesaude.2009.2790
M3 - Article
SN - 1647-0559
VL - 2
JO - Cadernos de Saúde
JF - Cadernos de Saúde
IS - 2
ER -