TY - JOUR
T1 - Utilização do internamento hospitalar em Portugal continental por crianças com doenças crónicas complexas (2011–2015)
AU - Lacerda, Ana Forjaz
AU - Oliveira, Graça
AU - Cancelinha, Cândida
AU - Lopes, Sílvia
PY - 2019/7/1
Y1 - 2019/7/1
N2 - Introdução: Fruto da mudança epidemiológica, o interesse pelas doenças crónicas complexas no sistema de saúde pediátrico tem vindo a crescer. Assim, pretendemos avaliar a utilização do internamento hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (Portugal Continental) por doentes pediátricos (0 – 17 anos) com doenças crónicas complexas. Material e Métodos: Estudo epidemiológico observacional longitudinal retrospetivo (base de dados de morbilidade hospitalar anonimizada). Selecionámos episódios de internamento de doentes pediátricos, entre 2011 – 2015; excluímos recém-nascidos saudáveis e radioterapia ambulatória. Análise descritiva dos episódios de internamento de doentes pediátricos com doenças crónicas complexas, caracterizados por número e categoria de doenças crónicas complexas. Foram aplicados testes não paramétricos à duração de internamento, despesa e mortalidade. Resultados: Nos 419 927 episódios, constavam códigos de doenças crónicas complexas em 64 918 (15,5%). Estes episódios com doenças crónicas complexas representaram 29,8% dos dias de internamento, 39,4% da despesa e 87,2% dos óbitos. Custaram o dobro dos episódios sem doenças crónicas complexas (€1467 vs €745) e tiveram uma mortalidade 40 vezes superior (2,4% vs 0,06%). Do total, 46,0% foram programados (sem doenças crónicas complexas 23,2%); 64,8% ocorreram em hospitais grupo III – IV (sem doenças crónicas complexas 27,1%). Nos episódios com doenças crónicas complexas, a doença maligna foi a categoria mais frequente (23,0%); a maior demora mediana (12 dias, 6 – 41), despesa mediana (€3568,929 – 24 602) e mortalidade (13,4%) verificaram-se na categoria neonatais. Discussão: Esta análise mostrou que, embora o número absoluto de internamentos de doentes pediátricos esteja a diminuir em Portugal Continental, à semelhança de outros países desenvolvidos, os internamentos com doenças crónicas complexas têm vindo a aumentar proporcionalmente, sendo mais prolongados, onerosos e com maior probabilidade de morte do que os episódios sem doenças crónicas complexas (tendências acentuadas quando constam duas ou mais doenças crónicas complexas). Conclusão: As doenças crónicas complexas são relevantes na atividade e despesa do internamento hospitalar pediátrico em Portugal Continental. Este reconhecimento e a integração de cuidados paliativos pediátricos desde o diagnóstico são essenciais para adequar a utilização do hospital, desenvolvendo alternativas efetivas e sustentáveis que vão ao encontro das necessidades das crianças, famílias e profissionais
AB - Introdução: Fruto da mudança epidemiológica, o interesse pelas doenças crónicas complexas no sistema de saúde pediátrico tem vindo a crescer. Assim, pretendemos avaliar a utilização do internamento hospitalar do Serviço Nacional de Saúde (Portugal Continental) por doentes pediátricos (0 – 17 anos) com doenças crónicas complexas. Material e Métodos: Estudo epidemiológico observacional longitudinal retrospetivo (base de dados de morbilidade hospitalar anonimizada). Selecionámos episódios de internamento de doentes pediátricos, entre 2011 – 2015; excluímos recém-nascidos saudáveis e radioterapia ambulatória. Análise descritiva dos episódios de internamento de doentes pediátricos com doenças crónicas complexas, caracterizados por número e categoria de doenças crónicas complexas. Foram aplicados testes não paramétricos à duração de internamento, despesa e mortalidade. Resultados: Nos 419 927 episódios, constavam códigos de doenças crónicas complexas em 64 918 (15,5%). Estes episódios com doenças crónicas complexas representaram 29,8% dos dias de internamento, 39,4% da despesa e 87,2% dos óbitos. Custaram o dobro dos episódios sem doenças crónicas complexas (€1467 vs €745) e tiveram uma mortalidade 40 vezes superior (2,4% vs 0,06%). Do total, 46,0% foram programados (sem doenças crónicas complexas 23,2%); 64,8% ocorreram em hospitais grupo III – IV (sem doenças crónicas complexas 27,1%). Nos episódios com doenças crónicas complexas, a doença maligna foi a categoria mais frequente (23,0%); a maior demora mediana (12 dias, 6 – 41), despesa mediana (€3568,929 – 24 602) e mortalidade (13,4%) verificaram-se na categoria neonatais. Discussão: Esta análise mostrou que, embora o número absoluto de internamentos de doentes pediátricos esteja a diminuir em Portugal Continental, à semelhança de outros países desenvolvidos, os internamentos com doenças crónicas complexas têm vindo a aumentar proporcionalmente, sendo mais prolongados, onerosos e com maior probabilidade de morte do que os episódios sem doenças crónicas complexas (tendências acentuadas quando constam duas ou mais doenças crónicas complexas). Conclusão: As doenças crónicas complexas são relevantes na atividade e despesa do internamento hospitalar pediátrico em Portugal Continental. Este reconhecimento e a integração de cuidados paliativos pediátricos desde o diagnóstico são essenciais para adequar a utilização do hospital, desenvolvendo alternativas efetivas e sustentáveis que vão ao encontro das necessidades das crianças, famílias e profissionais
KW - Criança
KW - Cuidados paliativos
KW - Determinação de necessidades de cuidados de saúde
KW - Hospitalização
KW - Portugal
KW - Child
KW - Hospitalization
KW - Needs assessment
KW - Palliative care
KW - Portugal
UR - http://www.scopus.com/inward/record.url?scp=85070722543&partnerID=8YFLogxK
U2 - 10.20344/amp.10437
DO - 10.20344/amp.10437
M3 - Article
C2 - 31445528
AN - SCOPUS:85070722543
SN - 0870-399X
VL - 32
SP - 488
EP - 498
JO - Acta Medica Portuguesa
JF - Acta Medica Portuguesa
IS - 7-8
ER -