Vigilância de saúde infantil e juvenil: um estudo de caso clínico

Introdução: A vigilância de saúde das crianças segue as diretrizes do programa nacional de saúde infantil e juvenil (DGS, 2013) com realização de consultas de vigilância onde os enfermeiros identificam focos de atenção dos cuidados de enfermagem (FCE) e implementam as intervenções adequadas à situação. Objetivo: Realizar o estudo aprofundado da situação de saúde de uma criança de 6 meses no contexto da consulta de enfermagem de vigilância de saúde infantil e juvenil. Método: Enquanto metodologia recorreu-se ao estudo de caso clínico (CC) que é amplamente utilizado na enfermagem como forma de compreender os fenómenos relacionados com indivíduos, grupos ou organizações (Andrade et al., 2017) e favorecer a análise de uma situação real com apropriamento de conhecimentos (Galdeano et al., 2003). A população é constituída por todas as crianças que efetuam vigilância de saúde numa unidade de cuidados de saúde personalizados sendo selecionado um CC de forma intencional. A recolha de dados foi efetuada com recurso a entrevista semiestruturada, consulta do boletim de saúde e do processo clínico, exame físico e avaliação dos dados antropométricos e sinais vitais. Enquanto instrumentos foi utilizado o boletim de saúde, a plataforma informática bem como a Escala de Avaliação do Desenvolvimento Modificada (DGS, 2013; Sheridan, 2008). Os dados foram tratados e analisados mediante o registo escrito com determinação de percentis e reflexão falada. Os princípios éticos foram cumpridos com obtenção do consentimento informado junto dos pais. A consulta decorreu durante o mês de janeiro de 2020. Resultados: A criança tem 6 meses e 22 dias, sexo feminino e nacionalidade portuguesa. Foi uma gravidez mal vigiada com apenas 2 consultas de vigilância (32s e 36 s respetivamente). Apresenta alterações no desenvolvimento motor, já referenciada tendo cumprido a vigilância preconizada assim como o Plano Nacional de Vacinação. A consulta foi precedida de atividades de planeamento e organização (Fernandes & Andrade, 2020). Entre os FCE identificados, segundo a classificação internacional para a prática de enfermagem (Ordem dos Enfermeiros, 2016) salienta-se o papel parental. As intervenções implementadas visaram as necessidades físicas da criança, a segurança e o desenvolvimento, o comportamento e a estimulação da criança. Efetivou-se a orientação para comportamentos promotores de saúde, para cuidados antecipatórios e foi agendada a próxima consulta. Conclusão: Foi possível operacionalizar a consulta de enfermagem utilizando o processo de enfermagem sendo as intervenções adequadas e adaptadas a esta criança e família específicas. O estudo aprofundado permitiu compreender o CC e evidenciar a importância do enfermeiro como promotor de saúde.