O acervo do M-CCCM é vasto e variado, integrando peças executadas com materiais diversos, nomeadamente a cerâmica (terracota, grés, porcelana, cerâmica de Shiwan), o bronze, a madeira, o vime, o bambu, o latão, o cobre esmaltado e o jade, datadas desde o Neolítico até aos nossos dias. O Macau antigo, a sua variada população e os seus arredores até Cantão, estão representados através de um considerável conjunto de peças executadas com técnicas várias (pinturas a tinta-da-china e a óleo, desenhos a lápis ou à pena, aguarelas e guaches), datadas na sua maioria do século XIX. Partindo deste conjunto, aparentemente heterogéneo, propusemo-nos procurar relações entre as peças e identificar os aspectos da cultura chinesa que lhes deram origem. Assim, evidenciámos tradições culturais como a Piedade Filial a que corresponde o maior número de peças e abrange o mais alargado período temporal, o Jogo que constitui uma das atracções de Macau, o Teatro Tradicional que se apresenta hoje como um embaixador da cultura chinesa, as Casas de Penhores de grande importância na economia, representadas na pintura que ilustra as actividades comerciais na capital da dinastia Song do Norte, a Luta de Grilos de novo florescente e, a Pesca com Corvos relatada pelos primeiros visitantes ocidentais. Identificámos, ainda, pelas características fisionómicas, o tipo de vestuário e a postura de algumas das figurinhas de terracota, representações de estrangeiros, não só, dos estratos mais baixos mas, também, dos que foram integrados no funcionalismo chinês, o que, de algum modo, nos dá uma perspectiva de como a sociedade chinesa os integrava. Assim, neste trabalho, fomos para além do estudo específico de cada peça ao relacionálas com as tradições culturais a que estavam ligadas e, simultaneamente, com peças congéneres existentes noutras instituições culturais, portuguesas e estrangeiras. Esta abordagem permitiunos, uma melhor compreensão do vigor e dinâmica de uma civilização milenar e, o consequente reconhecimento da importância do espólio do Museu do Centro Científico e Cultural de Macau, enquanto documento cultural de uma sociedade e civilização com quem nos relacionamos há mais de quinhentos anos.
Período | 4 nov. 2020 |
---|
Examinando | Maria Alexandrina Guimarães Martins da Costa |
---|
Exame realizado em | |
---|
Grau de reconhecimento | Doutoramento |
---|