Introdução: O diagnóstico de enfermagem ansiedade perante a morte foi introduzido na classificação da NANDA Internacional, Inc com o objetivo de descrever os cuidados específicos, prestados a pessoas em sofrimento decorrente da proximidade da morte. Tem sido reconhecida a necessidade de clarificação da definição e dos indicadores clínicos associados a este diagnóstico, de modo a que a sua utilização na prática clínica seja menos complexa e mais objetiva. Objetivo: Validar o diagnóstico de enfermagem death anxiety em cuidadores familiares de doentes paliativos. Métodos: Estudo transversal, de natureza quantitativa, exploratório e descritivo, com duas etapas. Na primeira, denominada análise do conteúdo, efetuou-se a tradução do enunciado diagnóstico death anxiety do inglês para português europeu, revisão integrativa da literatura para identificação de indicadores clínicos, operacionalização das características definidoras do diagnóstico e respetiva validação por juízes. Na segunda etapa, fez-se a validação do diagnóstico em contexto clínico, utilizando como alicerce o Modelo de Validação Clínica de Fehring (1987,1994), calculou-se a sensibilidade, especificidade, valores preditivos e curva de ROC das características definidoras e identificou-se a presença de fatores relacionados com o diagnóstico, numa amostra de 111 cuidadores familiares de doentes paliativos. Resultados: O estudo de revisão integrativa incluiu 67 publicações de 21 países. Foram identificadas 17 características definidoras e 14 fatores relacionados. No estudo de validação clínica, com uma amostra de cuidadores familiares, estes tinham uma idade média de 50,8 anos, 82,9% do género feminino, 41,4% eram filhos do doente, coabitando com o mesmo (67,6%) e prestando cuidados diariamente (91,9%). Foram identificadas nove características principais do diagnóstico e oito secundárias. A característica mais sensível foi o “medo da solidão e abandono relacionados com a morte”. A característica “medo da vida após a morte” foi a mais específica. Nenhuma destas constava da classificação da NANDA-I. O “medo de perder as capacidades mentais quando estiver a morrer” foi a que teve maior equilíbrio entre a sensibilidade e especificidade, constituindo também um indicador relevante para a identificação do diagnóstico. A prevalência do diagnóstico de ansiedade perante a morte foi de 38,7%, sendo superior nos cuidadores mais jovens, filhos do doente, com sentimento de sobrecarga, baixa autoestima, pouca qualidade de vida e com a sensação de que “desperdiçaram” a vida. Conclusões: A validação clínica de novas características definidoras e identificação de novos fatores relacionados confirmou a necessidade da revisão deste diagnóstico. A sua prevalência na amostra estudada confirma que este é um problema que atinge, não só os doentes paliativos, mas também os seus cuidadores.
Período | 12 set. 2019 |
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Grau de reconhecimento | Doutoramento |