Casa Comum e novos modos de habitar interculturalmente: Teologia Pública e ecologia da cultura em tempos de pandemia

[Eixos associados: RR1/RR2, SWL e PT] O objetivo do projeto é analisar, discernir criticamente e qualificar as práticas de conversão ecológica, aprofundando a noção de Casa Comum na encíclica Laudato si' e criando ferramentas teóricas para a literacia, reflexão e aplicação dos objectivos ecológicos nos seus vários níveis de correlação entre a agenda religiosa e a Agenda 2030, através da produção de uma teologia pública, de forma interdisciplinar, transdisciplinar e intercultural. Casa Comum é um conceito partilhado entre a Agenda 2030 da ONU para os Objectivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e a Carta Encíclica Laudato si', publicada meses antes. O novo cenário de COVID19 e de crise humanitária exige ainda mais a adoção de uma agenda pública para um esforço político e social coletivo que supere as contradições culturais do determinismo económico e apele à responsabilidade partilhada, apoiada por uma cultura de solidariedade. Nas palavras do Papa Francisco, este momento revela uma humanidade que pensa ser possível estar sempre saudável num mundo que está doente. Em momentos como esse, as religiões têm um grande potencial de empatia e cooperação social com as agendas públicas. Dessa forma, o projeto visa oferecer uma hermenêutica teológica pública que incorpore a Agenda 2030 na cultura religiosa, a partir da noção de cuidado com a Casa Comum. Como objetivos específicos pretende-se oferecer uma caixa de ferramentas teóricas para: a) desenvolver um modelo epistemológico que interaja com o potencial de cooperação e solidariedade do campo religioso com as diversas áreas do conhecimento, numa chave intercultural que busca soluções cooperativas entre diferentes pessoas e instituições para problemas comuns; b) promover uma criação cultural ecológica para os ODS interdependentes que privilegiem linguagens que reúnam senso crítico e senso comum; c) fomentar práticas cotidianas, o que traz a necessidade de pensar a vulnerabilidade como categoria central de uma ética e estética do cuidado, desde a intersecção das agendas religiosas com a Agenda 2030. O projeto envolve 20 áreas de conhecimento de 15 países dos Hemisférios Norte e Sul, reunindo mais de 100 pesquisadores organizados em 10 grupos de trabalho, a saber: 1) Epistemologias da Casa Comum; 2) Teologia Sistemática da Casa Comum; 3) Teopoética, Estética e Performatividade da Casa Comum; 4) Sabedoria Bíblica e Casa Comum; 5) Ecologia Digital; 6) Espiritualidade e Saúde da Casa Comum; 7) Ecofeminismo e Ecocultura; 8) Práticas de Conversão Ecológica; 9) Ecopolítica da Casa Comum; 10) Direitos Humanos: Ecoemergência Fundamental. O projeto prevê os seus outputs em três níveis de literacia: 1) Nível especializado através da publicação de artigos científicos nacionais e internacionais em revistas de elevado impacto; 2) Nível intermédio com a coleção bilingue português e inglês "Cuidar da Casa Comum", com 10 volumes publicados pela UCP Press e pela Globethics, o braço académico do organismo ecuménico Conselho Mundial de Igrejas; 3) Nível introdutório com a criação do Léxico Digital da Casa Comum, que parte do princípio que o leitor ideal é o estudante universitário do primeiro ano. A escolha dos parceiros editoriais tem em conta a política de acesso livre. A conclusão do projeto está prevista para 2025, com a publicação final da coleção, e evoluirá para a criação de um pólo sobre questões da Casa Comum na Universidade Católica Portuguesa. O projeto é cofinanciado pela FCT através do financiamento do investigador principal coordenador do projeto pelo programa de Estímulo ao Emprego Científico, pelo CITER - Centro de Investigação em Teologia e Estudos Religiosos, pelo CECC - Centro de Investigação em Comunicação e Cultura ambos da Universidade Católica Portuguesa (UCP), pelo Global Educational Pact Bureau da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Brasil, e pela Globethics, Suíça.

Common Home, Laudato si´, Public Theology