Resumo
Este estudo pretende fazer reflectir sobre as perspectivas teológicas e filosóficas de um tema que, desde S. Paulo, vem caracterizada pela scientia crucis, no contexto da mística e de S. João da Cruz. Após preliminar equacionamento das perspectivas metodológicas em questão, no que se refere ao porte inteligível da experiência espiritual e à indispensável mediação de Cristo numa teologia da perfeição, ainda estimulante para a radicalidade da interrogação filosófica, consideram-se os contributos da linguagem relacional e da sua performance em termos da intelligentia fidei. Aborda-se, então, em S. João da Cruz o enquadramento da via mística e do cristocentrismo, confrontando duas perspectivas, quase contemporâneas [do filósofo de linhagem bergsoniana, Jean Baruzi, Saint Jean de la Croix et le problème de l’expérience mystique (19241;19312…) e na filósofa judia, discípula de Husserl e depois carmelita, mártir e canonizada, Edith Stein, na Kreuzeswissenschaft (1941-42)]. Tal análise comparativa revela paradoxalmente que à espiritual carmelita convém mais uma leitura intelectual e como ciência da Cruz, enquanto ao filósofo, quase agnóstico no seu método, acaba por se impor a transcendência da experiência mística numa lição de metamorfose antropológica. Em conclusão, reconverte-se desse paradoxo à indispensável dimensão incarnacional da espiritualidade cristã, exigida ainda pela meditação crucial de Edith Stein, não esquecendo o carácter da mística apofática e o ressalto diferencial de um encontro com outra radicalidade da experiência cristã.
Idioma original | Portuguese |
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Páginas (de-até) | 349-414 |
Número de páginas | 66 |
Revista | Didaskalia |
Volume | 38 |
Número de emissão | 2 |
DOIs | |
Estado da publicação | Publicado - 1 jun. 2008 |