Desinformação e conflito geopolítico: o papel dos OCS nas representações sociais sobre o caso da Guerra Russo-Ucraniana

Clarisse Pessôa, Simone Petrella, Patrícia Silveira, Rita Mourão

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Resumo

A desinformação é, hoje, uma problemática incontestável, vislumbrando-se um evidente desafio à clarificação da perceção pública sobre as questões impactantes da sociedade e do mundo. A comunicação dessas questões dá-se, por vezes, de forma caótica e multifacetada, fruto da crescente utilização de plataformas digitais e de media sociais, tornando menos visível a identificação dos limites entre informações de teor verdadeiro e informações falsas. Este tipo de conteúdo é, por isso, consequência de um ecossistema mediático que apresenta sérias fragilidades e idiossincrasias, particularmente no que concerne à validação de sistemas de verificação. Neste ambiente de desregulação, as notícias falsas, que muitas vezes correspondem a anseios de natureza ideológica e económica, encontram as condições necessárias à sua disseminação, infligindo danos com consequências sociais e políticas. O conflito geopolítico Russo-Ucraniano, iniciado a 24 de fevereiro de 2022, encontra-se no epicentro de uma guerra de informações estimulada por afirmações falsas sobre as motivações do conflito e sobre os refugiados. A propagação de narrativas alimentadas particularmente no contexto do online, desafia assim a União Europeia a definir estratégias de combate e a adotar medidas de escrutínio e de responsabilização sobre os principais canais de desinformação, de modo a impedir que exposições hostis moldem a opinião pública e influenciem os decisores políticos. A narrativa da crise e do aumento do custo de vida, particularmente no contexto dos países europeus, tende a semear divisão, incerteza, e ressentimentos em relação aos refugiados. Tal facto pode ter um impacto altamente problemático em torno das decisões das instituições sobre as políticas de migração, legitimando políticas mais restritivas, e colocando em causa a proteção das vítimas de conflito em situação de vulnerabilidade e de risco de vida. É no sentido de procurar compreender e analisar essas implicações dos discursos mediáticos e da desinformação na formação das representações sociais sobre a guerra Russo-Ucraniana, e sobre os refugiados, que os resultados deste estudo ganham relevância. Apresentando-se como uma das tarefas de um projeto de investigação de maior dimensão sobre os media e as representações sociais acerca do conflito, procuramos fazer uma análise dos conteúdos veiculados pelos meios de comunicação social, a partir de uma abordagem sócio-semiótica da imagem e do discurso. Mais particularmente, procuramos por padrões de desinformação dos media oficiais e das fontes não oficiais, através de uma grelha de análise comum e previamente validada. Resultados preliminares indicam que as fontes não oficiais, apesar de serem as mais procuradas, são as que apresentam conteúdos menos rigorosos e mais suscetíveis à desinformação e à criação de representações sociais enviesadas. Num contexto de guerra e de crise, em que urge olhar para os media e a informação de forma crítica e prudente, particularmente num cenário de grande transformação tecnológica e de aceleração na circulação da informação, esta investigação pretende consolidar o conhecimento científico nestas matérias e ambiciona, ainda, desenvolver recomendações no campo da literacia mediática com vista ao combate à desinformação e à promoção do pensamento crítico acerca dos media e das problemáticas do mundo atual.
Idioma originalPortuguese
Número de páginas1
Estado da publicaçãoPublicado - jan. 2024
EventoXIII SOPCOM: Comunicação, Culturas e Comunidades - Universidade do Minho, Braga
Duração: 24 jan. 202426 jan. 2024
https://www.sopcom2024.pt/tema/

Conferência

ConferênciaXIII SOPCOM: Comunicação, Culturas e Comunidades
Título abreviadoSOPCOM
País/TerritórioPortugal
CidadeBraga
Período24/01/2426/01/24
Endereço da Internet

Keywords

  • Media
  • Desinformação
  • Representações sociais
  • Literacia mediática

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