Do ‘Espírito em Arquitectura’ (1935) à ‘Arte Viva’ (1953): obras e pensamento em diálogo, Raul Lino e D. Manuel Cerejeira

O presente artigo propõe revisitar a conferência “Espírito na Arquitectura”, proferida por Raul Lino (1879-1974) no Rio de Janeiro a 30 de Maio de 1935 e publicada no livro Auriverde Jornada (1937), estabelecendo pontes com a “Carta Pastoral sobre Arte Sacra” do cardeal Manuel Cerejeira (1888-1977), divulgada a 8 de Março de 1953 e com repercussão na imprensa internacional. Embora pouco considerada na história da arquitectura, a dita carta pastoral permite compreender a profundidade do pensamento daquele que representou o maior ‘cliente’ de arquitectura religiosa portuguesa do século XX e que, durante mais de quatro décadas, de 1928 a 1971 à frente do Patriarcado de Lisboa, acompanharia a evolução da Arte e as transformações políticas e sociais do país. A partir do trabalho de análise e confronto de textos dos dois autores releva-se o contributo e actualidade da reflexão de Raul Lino na década de 1930, que haveriam de influenciar a renovação da arte sacra portuguesa, na primeira metade da década de 1950. O artigo será enriquecido com material proveniente do espólio particular do arquitecto, bem reveledor de um quadro alargado de referências formais pouco conhecido, tanto no conteúdo como na fundamentação.