Resumo
De igual modo com o que se passa noutros credos religiosos, também o cristianismo apresenta uma ética clara, resumida sinteticamente no mandamento de Jesus Cristo: «amar a Deus e ao próximo» (Mt 22,37-40). Nesse sentido, podemos dizer que o cristianismo é uma religião práxica, operativa, que não deixa ao cuidado das divindades a resolução dos problemas humanos, mas que assume o mandato e responsabilização do ser humano por parte do Criador relativamente ao ordenamento do mundo criado (Gn 1,28). Por esse motivo, a missão da Igreja não pode deixar de lado toda a problemática que se esconde por detrás de conceitos como ‘libertação’, ‘promoção humana’, ‘denúncia profética’, ‘luta contra a injustiça’, ‘erradicação da pobreza’, ‘direitos humanos’, ‘enfrentamento face a todo o tipo de opressão’, ‘defesa da dignidade dos marginalizados’… Recentemente, aliás, o papa Francisco intitulou o capítulo IV da Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do seguinte modo: «A dimensão social da evangelização». É verdade que a Igreja, desde há dois mil anos, sempre se preocupou com os pobres e a solidariedade ou as tarefas da promoção humana, especialmente na saúde e na educação. Mas a perspetiva, agora, é realmente outra: já não o espiritualismo, que determinava a finalidade da missão na ‘salvação das almas’ ou na ‘cura das almas’ – com o evidente perigo da dicotomia alma-corpo, e tão pouco o assistencialismo, que pretendia socorrer a todos os necessitados dentro duma ação caritativa mas que não chegava a descobrir nem a interessar-se pelas causas estruturais de toda a injustiça e sofrimento humano.
Idioma original | Portuguese |
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Páginas (de-até) | 167-182 |
Número de páginas | 16 |
Revista | Didaskalia |
Volume | 44 |
Número de emissão | 2 |
DOIs | |
Estado da publicação | Publicado - 1 jun. 2014 |
Keywords
- Missão
- Dimensão social
- Evangelização
- Direitos humanos