O controlo político das nomeações episcopais oitocentistas: a nomeação episcopal e cardinalícia do cardeal D. Américo, bispo do Porto

O triunfo do liberalismo em Portugal em 1834 marcou decisivamente a fisionomia da Igreja que, tendo estado intrinsecamente ligada ao absolutismo anterior, acabou combatida e controlada por aqueles que instauravam a nova ordem política assente na liberdade. Tal controlo incidiu também sobre as nomeações episcopais, que se arrastavam em longas pendencias diplomáticas entre o governo português e a Santa Se, dada a não convergência relativa ao perfil dos nomeados. Este estudo, centrando-se em D. Américo Ferreira dos Santos Silva, bispo do Porto (1871-1899), analisa primeiramente a sua nomeação episcopal, atendendo as vicissitudes do processo ao longo de perto de dois anos, entre 1869 e 1871. Estuda depois o processo para a sua nomeação como cardeal da coroa, a instâncias regias, só confirmada no termo de outros dois anos de negociações entre 1877 e 1879, já reveladoras dos novos ventos romanos do pontificado de Leão XIII. Num e noutro caso, semelhantes no seu curso, cruzam-se as insistências governamentais, as resistências romanas, o papel da diplomacia portuguesa e romana, assim como a evolução do nomeado jogada entre a fidelidade a um perfil e as estratégias ditadas pelas oportunidades e pelo objetivo a alcançar.