Sob o signo de Jano e de Hermes: a educação nova e os equívocos de uma filosofia dos extremos

Alberto Filipe Araujo*, Joaquim Machado de Araújo*

*Autor correspondente para este trabalho

Resultado de pesquisarevisão de pares

23 Transferências (Pure)

Resumo

Diversos autores, nomeadamente Israel Scheffler (1970), Olivier Reboul (1984), Daniel Hameline (1986) e Nanine Charbonnel (1991-1993), mostram que a linguagem da educação é fundamentalmente uma linguagem metafórica. Por isso, se compreende, sem muito esforço, que a ideia de educação se diz e se manifesta de múltiplas formas: pelas suas margens, como viagem por terra ou náutica, através das figuras do educador-pedagogo como jardineiro ou oleiro, o aluno comparado com um recipiente ora vazio ora cheio, entre outras metáforas que poderíamos enunciar. A própria metáfora de margem, que serve de lema ao Colóquio L’Education et ses Marges (Porto, 14-15-16, maio, 2018), é de per se uma imagem produtiva e instigadora de sentidos múltiplos que, de entre vários modos, assim se podem exprimir: utopia, algures, esquecimento, ocultação, periferia, loucura, marginalização voluntária ou imposta, afastamento, distanciamento, limiar… Aliás, esta imagem serve bem para ilustrar o próprio espírito da Educação Nova que, à sua maneira, afirma-se como um movimento educativo de margem por contraposição à Escola Tradicional que representa supostamente o centro. O movimento da Educação Nova interessou-se por temas e ideias pedagógicas que, por sua vez, estavam marginalizadas, esquecidas (pelo menos aparentemente) pelos pedagogos e educadores da Escola Tradicional. Por outras palavras, trouxe para o centro do debate educativo e das práticas pedagógicas toda uma libido educandi que se pretendia alternativa, inovadora que, de uma forma ou de outra, almejava irrigar os pensamentos, as formas e as práticas em educação e em pedagogia. Este estudo foca-se nas ideias-chave da Educação Nova, independentemente das designações preferidas pelos seus autores mais significativos, identifica alguns equívocos que derivam da circunstância da sua afirmação em contraposição à Escola Tradicional e, distanciando-se da filosofia dos extremos que inspiram alguns dos seus textos, afirma a necessidade de uma filosofia que integre o princípio da contradição e do terceiro incluído, como mais adequada seja para analisar a novidade trazida pela Educação Nova seja para identificar a congruência entre os processos implementados na prática pedagógica e os princípios de que ela se reivindica. Assim, nesta comunicação, primeiro explicitamos os fundamentos que inspiram a hermenêutica que empreendemos sob o signo de Jano e de Hermes e, depois, acompanhamos a demanda da Educação Nova sobre o centro da ação pedagógica e a alteração de perspectiva sobre as “marginalidades” que surgem no próprio âmbito da educação escolar. Por fim, identificamos a necessidade já sentida no interior do próprio movimento de uma nova teoria e prática de educação que, embora distinga os planos dos princípios e o plano das práticas, sustente a sua unidade e o exame crítico das concretizações conseguidas em determinado momento socio histórico.
Título traduzido da contribuiçãoUnder the sign of Janus and Hermes: the new education and the misconceptions of a philosophy of extremes
Idioma originalPortuguese
Páginas (de-até)57-71
Número de páginas15
RevistaModernos & Contemporâneos
Volume4
Número de emissão9
Estado da publicaçãoPublicado - 29 dez. 2020

Keywords

  • Educação nova
  • Educação tradicional
  • Centro
  • Margem
  • Simbolismo mítico

Impressão digital

Mergulhe nos tópicos de investigação de “Sob o signo de Jano e de Hermes: a educação nova e os equívocos de uma filosofia dos extremos“. Em conjunto formam uma impressão digital única.

Citação