A dimensão comunitária da fé cristã

: uma reflexão com Joseph Ratzinger

Resumo

Nos nossos dias assistimos a uma forte reivindicação da subjetividadeda pessoa, que tende a fechá-la no individualismo, tornando-a incapaz de criar verdadeiras relações humanas. Este individualismo obscurece a dimensão relacional do ser humano e leva-o a encerrar-se no seu próprio mundo. Ao contrário das sociedades tradicionais, nas quais o indivíduo tinha como referência a dimensão essencialmente comunitária, hoje observamos um processo de desestruturação e de reestruturação das relações sociais. De facto, o relativismo, que tanto caracteriza as sociedades modernas, ameaça destruir os pontos de referência nos quais o indivíduo assentava a sua existência. Parece que já não existe nenhum ponto de referência, nenhuma verdade; tudo é, de certa forma, relativo. A isto, e em estreita ligação com a afirmação do individualismo, acrescenta-se o fenómeno da subjectivização da fé. Revela-se num número crescente de cristãos uma menor sensibilidade ao conjunto objetivo da doutrina cristã, em favor de uma adesão subjetiva ao que agrada e que não incomoda os próprios hábitos. Joseph Ratzinger, sempre atento a estes fenómenos, e consciente de que eles ameaçam o essencial do cristianismo, apresenta a dimensão eclesial da fé cristã como uma dimensão irrenunciável. Cada vez mais torna-se indispensável educar para a eclesialidade da fé cristã. É preciso manter vivo o sentido de pertença mútua entre os cristãos, através da sua ligação comum a Cristo. A comunidade cristã deve ser o lugar onde os muros do individualismo e da solidão são derrubados. Daqui ressalta a fundamental relevância da comunidade cristã; ela é primordial. Não existe fé individual sem uma comunidade de fé.

Data do prémio	15 fev. 2023
Idioma original	Portuguese
Instituição de premiação	Universidade Católica Portuguesa
Supervisor	Domingos Terra (Supervisor)