Introdução Os estudos demonstram que a maioria das pessoas preferiria morrer no seu domicílio. Contudo, nos países ocidentais as mortes em instituições têm aumentado, de forma quase generalizada, nas últimas décadas, estando descritos vários fatores determinantes do local de morte. Do mesmo modo, morrer no local de escolha tem-se constituído como um indicador de qualidade porque poderá significar manter a dignidade e a autodeterminação e, consequentemente, maior satisfação dos doentes em fase terminal. Objetivos Descrever os óbitos ocorridos na Unidade de Saúde Familiar (USF) Espinho, durante o ano de 2012, quanto às características demográficas e socioeconómicas e causa de morte, e verificar a sua associação com o local de morte. Material e Métodos Estudo retrospetivo, quantitativo e descritivo-correlacional, A população estudada foi constituída por todos os doentes inscritos na referida USF que faleceram durante o ano 2012. Os dados foram obtidos a partir da consulta de diversas bases de registos clínicos. Foram aplicados métodos de estatística descritiva e regressão logística multivariada para o estudo da associação entre as variáveis independentes e o local de morte. Resultados Em 2012 faleceram 123 pessoas inscritas na USF Espinho. A maioria (92,2%) morreu de doenças crónicas. Cerca de 39% das pessoas morreram no seu domicílio e 57% no hospital. Verificou-se associação entre o local de morte e a idade, estado civil, tipo de família, nível socioeconómico, estado funcional e tipo de doença. A regressão logística multivariada determinou que pertencer a uma família alargada ou a outros tipos de família e às classes média, média-alta e alta eram fatores preditores para a morte em casa enquanto sofrer de doença oncológica era um fator preditor de morte no hospital. Discussão/Conclusão A consciência de como morreram as pessoas estudadas levanta questões de natureza organizacional, social, cultural, deontológica e ética. O investimento nos Cuidados Paliativos, sobretudo ao nível da formação dos profissionais de saúde, da educação de políticos e público em geral e da disponibilização de fármacos, tal como recomendado pela Organização Mundial de Saúde, é fundamental para a melhoria da prestação de cuidados de fim de vida a toda a população que deles necessita.
Data do prémio | 2015 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Margarida Maria Vieira (Supervisor) |
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- Mestrado em Cuidados Paliativos
A morte na USF Espinho em 2012: vivências pessoais e familiares
Beça , H. P. (Aluno). 2015
Tese do aluno