Ao longo dos meus quinze anos de ensino, avolumou-se a minha experiência à custa dos desafios propostos, em que fui solicitado desempenhar como professor, diretor de turma ou coordenador de departamento: ensino noturno, alunos com necessidades educativas especiais, ensino a várias faixas etárias e níveis (desde o 5º ao 12º ano), do ensino profissional, direção de várias turmas e respetivos contactos com encarregados de educação, coordenação do departamento de Matemática, frequência em seminários e ações de formação nas áreas de educação, Tecnologias de Informação e na minha área específica, a Matemática. Com a evolução adquirida, propus-me a um trabalho de reflexão, cujo tema é “A promoção da numeracia numa escola de massas”. Numeracia é uma competência interdisciplinar, que não sendo exclusiva da disciplina de Matemática, é trabalhada por todas as disciplinas com conceitos de natureza matemática. A escola é hoje de massas, fruto da escolaridade obrigatória até ao 12º ano. A heterogeneidade existente (discente e docente), inserida em diferentes contextos geográficos e sociais, torna-se bastante complexa. Observando os alunos, apercebemo-nos da necessidade de construir modelos de ensino, capazes de proporcionar o ambicionado sucesso. Constatam-se interesses diferentes, com ritmos de aprendizagens distintos. Para responder às caraterísticas da escola atual, exigem-se atribuições ao professor para além da sala de aula: direção de turma, coordenação de disciplina ou departamento, formador, orientação pedagógica, etc. O professor tem ainda de manter a disciplina na aula, estimular os alunos, respeitar os diferentes ritmos e cuidar das dificuldades. Na igualdade de oportunidades, compete à escola corrigir as dificuldades no percurso dos alunos, visando a integração noutros níveis de ensino e no mercado de trabalho. Refiro-me ao envolvimento com a família e outros agentes, que podem velar pela sua saúde física e mental, sendo imprescindível a colaboração do professor. Quanto mais frágil é o tecido social, maior a exigência. O processo educativo passa pela fuga à “lógica do decreto”, substituída pelo “profissionalismo interativo”, onde a experiência de professores em equipa garante um nível educacional, partilhável por outras escolas. Forma-se a necessária rede escolar, melhorando a capacidade de cada aluno e garantindo o desenvolvimento do seu potencial. Criam pontos de contacto entre si, possibilitam o encontro de professores em partilha de experiências usadas, criam a aproximação das escolas, dando lugar a sinergias de objetivos, conseguindo dinâmicas jamais possíveis na escola tradicional. Dinamizar o processo de aprendizagem, implica renovar estruturas e condições dadas ao ensino, como embrião da educação do futuro. É neste âmbito que reflito especialmente sobre o Projeto Fénix, que visa a promoção do desenvolvimento da numeracia e literacia, na população escolar onde dou aulas. Centrando-se nas disciplinas base, Matemática e Português, criam-se subturmas, denominadas ninhos, formadas por 10/12 alunos, trabalhadas de forma individualizada. Aí se tem procurado melhorar os níveis de aprendizagem, auto- estima e motivação. Atingidos estes níveis, os alunos regressam às “turmas mãe”. A riqueza da minha experiência, aliada aos resultados obtidos dos alunos, fizeram-me crer da grande importância e responsabilidade destas disciplinas para o desenvolvimento da literacia, em prole do sucesso escolar pretendido.
Data do prémio | 18 jul. 2014 |
---|
Idioma original | Portuguese |
---|
Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
|
---|
Supervisor | Maria Raul Xavier (Supervisor) |
---|