Diferentes serótipos de Listeria monocytogenes podem apresentar diferentes capacidades de reacção perante condições de stress, estando descrito que essa diferença pode estar associado à origem dos mesmos: seja essa origem alimentar ou clínica.O vinho é uma solução complexa constituída por vários elementos com capacidade antibacteriana, estando reconhecida a sensibilidade de L. monocytogenes quando exposta à acção do vinho.Este trabalho teve como objectivo comparar a actividade do vinho contra isolados alimentares e clínicos de L. monocytogenes, recorrendo, para tal, à elaboração das curvas de inactivação de 8 isolados clínicos e 8 isolados alimentares, após a exposição destas bactérias a vinho diluído numa proporção de 1:10 e 1:100.Estudou-se também o efeito do vinho sobre L. monocytogenes em ambiente gastrointestinal simulado com duas matrizes alimentares diferentes: queijo fundido e uma papa de fruta para bebés.Em vinho diluído 1:100 foram observadas diferenças significativas (p<0,05) na cinética de inactivação, e consequentemente na resistência, dos diferentes isolados de L. monocytogenes estudados. Observou-se que estas diferenças estão relacionadas com a origem dos isolados. Com efeito, os isolados de origem alimentar mostraram-se mais sensíveis à acção do vinho do que os isolados clínicos. No entanto, quando se aumentou a quantidade de vinho nos ensaios (vinho diluído 1:10) não foram encontradas diferenças significativas relacionadas com a origem dos isolados (p>0,05).Quando foi simulado o ambiente gastrointestinal utilizando-se uma matriz de queijo fundido verificou-se que não ocorreu inactivação de nenhum dos isolados com ou sem vinho adicionado (p>0,05). No entanto, quando a matriz alimentar foi constituída por uma papa de frutas, verificou-se uma maior sensibilidade das bactérias às condições gastrointestinais, sendo de realçar o efeito adicional de inactivação quando vinho foi adicionado. De facto, a inclusão de vinho no sistema gastrointestinal simulado levou a um aumento da inactivação dos isolados testados (p<0,05) mais marcado nos isolados de origem alimentar do que nos clínicos.Ficou assim demonstrada a grande sensibilidade de L. monocytogenes ao vinho, a qual que parece estar correlacionada com a origem dos isolados. Ficou igualmente demonstrado que a inclusão de vinho num ambiente gastrointestinal simulado pode levar a um aumento da redução de células viáveis desta bactéria. Contudo, esse efeito é dependente da matriz alimentar presente, sendo que uma matriz alimentar com forte teor lipídico e proteico oferece uma maior protecção às células de L. monocytogenes que uma matriz com forte teor de hidratos de carbono.
Data do prémio | 2012 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | José António Couto (Supervisor) & Paula Teixeira (Co-Orientador) |
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- Mestrado em Microbiologia Aplicada
Actividade do vinho contra Listeria monocytogenes : comparação de isolados alimentares com clínicos
Fontoura, M. F. G. (Aluno). 2012
Tese do aluno