Adesão à dieta mediterrânica e controlo metabólico em idosos com diabetes Mellitus tipo 2

  • Ana Cláudia Afonso Salgado (Aluno)

Tese do aluno

Resumo

A Dieta Mediterrânica tem sido associada a uma melhor qualidade de vida e a um melhor estado de saúde. São vários os estudos que têm demonstrado os inúmeros benefícios deste padrão alimentar, estando associado a uma elevada taxa de longevidade e à redução do risco de doenças cardiovasculares bem como diminuição das taxas de mortalidade e morbilidade no geral. Além dos seus benefícios ao nível da saúde cardiovascular, a evidência científica tem demonstrado benefícios relativamente às doenças crónicas como a diabetes, hipertensão arterial (HTA), obesidade, doenças neurodegenerativas e determinados tipos de cancro. A população idosa é a mais afetada pelas doenças crónicas, nomeadamente pela Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), cuja progressão tem um elevado impacto na qualidade de vida dos doentes. O presente trabalho teve como objetivo relacionar o controlo metabólico de uma amostra de doentes com idade igual ou superior a 65 anos, seguidos na Consulta de Diabetologia do Centro Hospitalar do Baixo Vouga, E.P.E., com o grau de adesão à Dieta Mediterrânica. Desenhou-se um estudo observacional transversal cuja recolha de informação teve por base a ferramenta Mediterranean Diet Adherence Screener (MEDAS). Participaram no estudo 82 doentes (34 do sexo feminino e 48 do sexo masculino), com idade média de 73,7 anos. Não se verificaram diferenças significativas entre sexos relativamente à média de peso e perímetro da cintura, que se encontrava acima do ponto de corte para risco muito acentuado de complicações metabólicas. Verificou-se que a média do Índice de Massa Corporal (IMC) se encontrava na classe de obesidade para ambos os sexos, sendo que somente com 27,1% dos homens e 8,8% das mulheres apresentavam valores de IMC compatíveis com a normoponderalidade. Os valores médios de hemoglobina glicada (HbA1c) e de glicose em jejum, quer para homens quer para mulheres, e a média do valor dos triglicerídeos no caso das mulheres, foram superiores aos valores de referência. As complicações mais prevalentes nesta amostra foram a HTA (72%), dislipidemia (70,7%), sendo também as únicas patologias para as quais se observaram diferenças significativas em ambos os sexos (HTA: 62,5% vs. 85,3%, p=0,024; dislipidemia: 58,3% vs. 88,2%, p=0,003). Quanto ao grau de adesão à Dieta Mediterrânica, apenas 18,3% dos participantes foram avaliados como tendo uma "boa adesão". Neste trabalho não se verificou qualquer associação entre a adesão à Dieta Mediterrânica e o estado nutricional ou com a existência de comorbilidades. Quanto à associação entre este padrão alimentar e os parâmetros bioquímicos, apenas se observou associação entre a concentração plasmática de HDL e a Dieta Mediterrânica, sendo que a sua média era significativamente superior entre os indivíduos classificados como tendo "boa adesão". Este trabalho vem mostrar que os idosos portugueses não estarão a praticar uma alimentação condizente com os princípios da Dieta Mediterrânica. Assim, seria importante o desenvolvimento de programas que estimulem a população para a adesão à Dieta Mediterrânica.
Data do prémio27 abr. 2016
Idioma originalPortuguese
Instituição de premiação
  • Universidade Católica Portuguesa
SupervisorAna Sofia Pimenta (Supervisor) & Elisabete Pinto (Co-Orientador)

Designação

  • Mestrado em Biotecnologia e Inovação

Citação

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