O Estado Português, em prol de razões históricas, socioeconómicas, culturais e de solidariedade, é um dos apoiantes no que concerne à melhoria da qualidade do estado de Saúde dos cidadãos oriundos dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), sendo a assistência médica em Portugal, considerada como um “eixo estratégico importante no reforço da cooperação internacional no domínio da saúde” (Direcção Geral de Saúde, 2008). O estabelecimento de Acordos de Cooperação no Domínio da Saúde entre o Governo Português e os dos PALOP conduz a que, anualmente, Portugal se depare com um número considerável de crianças/famílias oriundas destes países para realização de tratamento. No entanto, os referidos acordos, nem sempre respondem às necessidades destas crianças/famílias, deparando-se as mesmas com diversos impedimentos aquando do acesso aos cuidados de saúde no país de acolhimento (Alves e Namora, 2010). Os enfermeiros, no decorrer do seu quotidiano, deparam-se com a necessidade de prestação de cuidados transculturais, podendo emergir destes algumas dificuldades, não só de comunicação, mas também de cariz cultural, religioso e de valores entre a criança/ família que cuidam e os próprios, dado que também têm os seus próprios valores, crenças e cultura. Este tipo de situações é frequente e a compreensão de algumas particularidades inerentes, poderá conduzir ao estabelecimento de um clima de confiança e empatia, evitando conflitos, facilitando a adesão ao tratamento e aumentando o grau de satisfação por parte da criança/família oriunda dos PALOP. Neste sentido, surge o presente Relatório, na sequência de um Projecto de Estágio que se operacionalizou em dois módulos distintos, nos quais o agir do mestrando, segundo uma metodologia descritiva, analítica e reflexiva, foi direccionado para o Cuidar a Criança/Família oriunda dos PALOP, em contexto de Cuidados de Saúde Primários e Cuidados Diferenciados, tendo subjacente o modelo teórico proposto por Madeleine Leininger (Teoria da Diversidade e Universalidade). Pretende-se assim, demonstrar as competências desenvolvidas que permitiram contribuir para uma resposta à problemática apresentada e às necessidades destas crianças famílias, centrando-se os cuidados “(...) nas respostas humanas às transições vividas pelas pessoas e famílias ao longo do ciclo vital usando conhecimento gerado pela investigação e teoria de enfermagem (para onde aponta a enfermagem avançada)” (Silva, 2007:19). Existe ainda um longo caminho a percorrer, no entanto, acredita-se que com a realização deste trabalho, pequenos passos foram dados no sentido da promoção de boas práticas na abordagem à criança/família oriunda dos PALOP, sensibilizando-se os profissionais de saúde para a problemática e a indispensabilidade de inclusão dos aspectos culturais nos cuidados, facilitando-se o acesso/encaminhamento aos serviços de saúde e acima de tudo, promovendo-se a humanização do cuidar destas crianças/famílias.
Data do prémio | 2011 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Lília Rosa Alexandre Vara (Supervisor) |
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- Criança-família
- Cultura
- PALOP
- Enfermagem
Cuidar a criança-família oriunda dos Palop: a diferença na igualdade
Namora, A. O. (Aluno). 2011
Tese do aluno