Introdução: A pessoa com cancro de cabeça e pescoço, quando submetida a cirurgias mutilantes, apresenta profundas alterações físicas e psicossociais, temporárias ou definitivas, com impacto individual e familiar. Destacam-se alterações na alimentação, hidratação, comunicação, imagem corporal, autoestima, modificação ou cessação da atividade profissional. As respostas humanas mais frequentes neste processo de doença são de natureza subjetiva, particularmente relacionadas com a imagem corporal e a autoestima. Os diagnósticos de baixa autoestima situacional e imagem corporal perturbada inserem-se no domínio de autoperceção, na taxonomia da NANDA-I, sendo indispensável investigação que contribua para a melhoria dos seus níveis de evidência. A validação diferencial emerge com esse objetivo, procurando fornecer aos enfermeiros indicadores clínicos, para o raciocínio clínico e planeamento de intervenções eficazes, atendendo às características definidoras específicas de cada diagnóstico. Objetivo: Realizar a validação clínica diferencial dos diagnósticos de imagem corporal perturbada e baixa autoestima situacional nas pessoas submetidas a cirurgia por cancro da cabeça e pescoço, com recurso à metodologia Q. Método: Estudo observacional, transversal, com recurso à metodologia Q, baseado no modelo de validação diferencial de diagnósticos de Richard Fehring. Foram incluídos 38 participantes. O instrumento de recolha de dados foi constituído pelos dados sociodemográficos e variáveis clínicas, Escala de Rosenberg, Escala de Imagem Corporal e o preenchimento do Q sorting. Para análise de dados sociodemográficos e das escalas foi usado o programa SPSS, o tratamento estatístico dos dados resultantes da aplicação da metodologia Q foi realizada com recurso ao programa PQMethod. A investigação foi autorizada pela comissão de investigação e ética da instituição onde decorreu o estudo. Resultados: A partir da análise fatorial efetuada foram apresentados três fatores que explicam a perspetiva dos participantes e que nos indicam o grau de concordância/discordância com as características definidoras dos diagnósticos de baixa autoestima situacional e imagem corporal perturbada, tendo por base o momento atual do participante após ter sido submetido a cirurgia. Foram identificadas as seguintes características definidoras: evitar olhar para o seu corpo, evitar tocar no corpo, comportamento de monitorização do corpo, despersonalização da perda através do uso de pronomes impessoais, foco na aparência passada, foco em função do passado, sentimento negativo acerca do corpo, recusa em reconhecer a mudança e desamparo. Conclusões: Da análise de consensos foram identificadas oito características definidoras para diagnóstico de imagem corporal perturbada e uma para o diagnóstico de baixa autoestima situacional. O uso da metodologia Q, neste processo de validação diferencial, permitiu o estudo de dois diagnósticos de cariz subjetivo numa população vulnerável, contribuindo para aumentar o conhecimento das suas necessidades. Este conhecimento tem implicações para a prática clínica e para o ensino.
Data do prémio | 4 abr. 2023 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Sílvia Caldeira (Supervisor) |
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- Diagnóstico de enfermagem
- Imagem corporal perturbada
- Baixa autoestima situacional
- Validação diferencial
- Metodologia Q
- Doutoramento em Enfermagem
Diagnósticos de enfermagem “Imagem corporal perturbada” e “Baixa autoestima situacional” em pessoas com cancro de cabeça e pescoço: validação diferencial com recurso à metodologia Q
Miguel, S. S. A. (Aluno). 4 abr. 2023
Tese do aluno