A via profissionalizante em Portugal surgiu para dar resposta às necessidades fundamentais de alunos que procuram uma alternativa ao ensino regular. Em 1989 é implementado pela primeira vez nas escolas profissionais e em 2004, passou a fazer parte da oferta formativa de algumas escolas públicas. Esta oferta surge num sistema educativo tradicional, herdado de uma escola que, na segunda metade do seculo XX, abriu as suas portas a todos os alunos, tornando-se uma escola massificada fruto da necessidade de responder aos desafios da fábrica. O ensino de elites deu lugar ao ensino de massas, marcado pelo sistema tradicional de organização e transmissão de conhecimentos que ainda hoje, prevalece na escola portuguesa. A introdução dos cursos profissionais nas escolas públicas pretendia, juntamente com os restantes cursos, contribuir para o aumento das competências básicas dos alunos portugueses e para o cumprimento do objetivo da Comissão Europeia de formar 85% dos jovens com 22 anos da União europeia com o 12º ano (in, Iniciativa Novas Oportunidades, 2005).Contudo, o ensino profissional nem sempre se configurou como percurso de sucesso, promotor da inclusão, sendo muitas vezes visto como um ensino de segundas oportunidades e havendo uma estigmatização dos alunos que o frequentam, como sendo os mais desmotivados, os incapazes, os indisciplinados. A taxa de inscrição nos cursos profissionais cresceu nas escolas públicas desde a sua implementação em 2004/05 com um total de 36 765 alunos, para 114 848, em 2014/2015, (DGEEC, 2016). No entanto os índices de conclusão têm sofrido algumas oscilações, levando a que alguns alunos abandonem a escola, após obterem os 18 anos, sem, no entanto concluírem a escolaridade obrigatória conforme definido na Lei nº 85/2009 de 27 de agosto. O ensino profissional não deve ser percecionado como um ensino para os que não querem ou não sabem, mas uma oferta delineada para o sucesso de todos e de cada um, que se diferencia do outro pela individualidade do ser “eu” e pela vontade do querer saber “fazer”. Ao construírmos uma escola inclusiva é necessário aceitar o desafio de prever e conceber diferentes processos e meios de ensinar, para que os alunos se sintam reconhecidos, respeitados e dispostos a aprender. O nosso estudo centrou-se num agrupamento onde são ministrados cursos do ensino profissional com uma contextualização social, cultural e economicamente desfavorecida e com uma população escolar com poucas expetativas académicas. Com o presente trabalho, pretendemos estudar o modelo pedagógico adotado pelos docentes que lecionam nas turmas do ensino profissional e as práticas pedagógicas potenciadoras de um ensino individualizado e diferenciado, capaz de motivar os alunos para novas aprendizagens. Na nossa investigação, decidimos utilizar como técnicas de recolha de dados, a análise documental, recorrendo à legislação em vigor e aos documentos estruturantes do agrupamento, ao Projeto Educativo do agrupamento em estudo e aos Planos de Turma dos cursos do ensino profissional. Realizamos ainda entrevistas, sob a forma de Focus Group, a alguns atores que diariamente ocupam o espaço escolar do local em estudo. O grupo de intervenientes englobou oito alunos do 11º e 12º Anos, que frequentavam os cursos profissionais, dois professores, dois diretores de turma e um diretor de curso com componente letiva e cargos pedagógicos nas turmas do ensino profissional O nosso trabalho permite-nos concluir que alguns docentes continuam, ainda, a implementar práticas tradicionalistas que marcaram um ensino elitista, de mera transmissão de saberes livrescos. Os alunos ambicionam professores inovadores, apaixonados pela profissão e pela arte de ensinar não a “todos como se fossem um só”, mas a cada um, como seres aprendentes com o direito a práticas que respeitem o ritmo individual de aprendizagem e o ser aluno.
Data do prémio | 12 mar. 2018 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Ilídia Cabral (Supervisor) |
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