Os profissionais dos cuidados paliativos estão expostos, na sua prática diária, a elementos stressantes resultantes da sua actividade e que podem emergir quer da relação com os doentes, quer da relação com aspectos estruturais da sua actividade. Quando cuidam de doentes em sofrimento, poderão estar expostos a uma forma de stress secundário que, quando prolongado, conduz a um estado de exaustão denominado fadiga por compaixão e que pode trazer prejuízos pessoais, profissionais, institucionais e ao nível da qualidade dos cuidados. Verificámos que este é um fenómeno pouco abordado em Portugal e considerámos importante adaptar, para a população portuguesa, um instrumento que permitisse a sua avaliação e monitorização. Com este estudo pretendemos dar resposta à questão: Existe fadiga por compaixão nos profissionais dos cuidados paliativos em Portugal?”. Apresentamos os resultados do estudo de adaptação cultural e de validade do instrumento “Professional Quality of Life”, versão 5 (ProQOL5) da autoria de Beth Stamm e do estudo da fadiga por compaixão no contexto dos cuidados paliativos. Para o estudo de adaptação cultural da ProQOL5 reunimos um grupo de peritos em tradução e recorremos aos procedimentos de tradução, retroversão e pré-teste. Para o estudo de teste à sua validade analisámos as propriedades psicométricas da versão adaptada, realizámos um estudo de análise factorial exploratória e um estudo de validade concorrente recorrendo aos resultados da GHQ28. Através de uma amostragem intencional obtivemos uma amostra multidisciplinar composta por 73 profissionais de 9 unidades de cuidados paliativos. Obtivemos valores de consistência interna semelhantes aos anunciados para a versão original. Os pontos de corte e as relações de associação entre as dimensões da ProQOL5 obtidos também são idênticos entre as versões. A análise factorial exploratória defende a estrutura original de três dimensões proposta por Stamm e, tal como a autora, não verificámos diferenças estatisticamente significativas nos valores de satisfação por compaixão (SC), burnout (BO) e stress traumático secundário (STS) em função da idade, sexo, tempo total de actividade na área da saúde e tempo total de actividade em cuidados paliativos. No estudo de validade concorrente verificámos, tal como esperado, valores de associação positivos entre BO e STS com as dimensões da GHQ28 e negativos entre as últimas e SC. Relativamente ao estudo da fadiga por compaixão verificámos que 67.1% dos participantes apresentou níveis médios a altos de STS incluindo médicos, enfermeiros, assistentes sociais, assistentes operacionais, um fisioterapeuta e um capelão. Os profissionais que consideram estar expostos 35 ou mais horas por semana ao sofrimento/experiências traumáticas dos doentes apresentam o menor nível médio de SC e os maiores níveis médios de BO e STS, associados ao maior valor de queixas relacionadas com a saúde. O conjunto de resultados do estudo de validade da ProQOL5 e do estudo da fadiga por compaixão permitem-nos sugerir que a versão adaptada apresenta uma boa validade para a avaliação deste fenómeno em profissionais dos cuidados paliativos e confirma a existência de importantes níveis de fadiga por compaixão neste contexto.
Data do prémio | 4 abr. 2012 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Luís Sá (Supervisor) |
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- Mestrado em Cuidados Paliativos
Estudo da fadiga por compaixão nos cuidados paliativos em Portugal: tradução e adaptação cultural da escala "Professional Quality of Life 5"
Carvalho, P. R. C. (Aluno). 4 abr. 2012
Tese do aluno