Estudo e intervenção de conservação e restauro num grupo de relicários de madeira policromada do séc. XVII, provenientes da Igreja de S. Vicente, Abrantes

Resumo

A Igreja Católica é a religião com maior representatividade em Portugal, estima-se que o legado histórico e artístico eclesiástico corresponda a cerca de 75% de todo o património português. A profusão de relicários artísticos, de formas e materiais diversos utilizados para a finalidade de conservar e glorificar as relíquias, contribuiu largamente para este legado. De entre os conjuntos de relicários que perduraram no tempo intactos, um deles é proveniente do Mosteiro de Nossa Senhora da Graça, atualmente pertencente à Igreja de S. Vicente em Abrantes (distrito de Santarém). Este conjunto de vinte relicários com diferentes tipologias é definido pela singularidade artística e caráter único sem intervenções posteriores. Destaca-se pela sua riqueza material, trabalho artístico característico do século XVII, mas também pelo debilitado estado de conservação. A deterioração deste conjunto é notória, não só pela passagem dos séculos, mas também por todos os fatores de meio ambiente a que as esculturas estiveram sujeitas. Selecionaram-se quatro relicários - S. Isidro Padroeiro de Madrid, S. Agapito Martir, S. Paulino, S. Lucio P.M. - do presente conjunto, para desenvolver estudos na área do contexto-histórico, da iconografia, da analítica e da conservação-restauro. No contexto-histórico identificou-se o Mosteiro de Nossa Senhora de Graça, demolido em 1901, e reviu-se o inventário de bens culturais e de extinção do mosteiro no Arquivo Histórico do Concelho de Abrantes e na Torre do Tombo. A conjuntura iconográfica permitiu situar o retábulo-relicário a que estes relicários pertenceram e traçou a correspondência de uma relíquia do presente conjunto ao corpo incorrupto do santo, ao qual, supostamente, pertence. O estudo analítico foi efetuado com o recurso a radiografia, observação por microscopia ótica de cortes estratigráficos, Micro-Espectrometria de Infravermelhos com Transformada de Fourier (micro-FTIR) e Micro-Espetrometria de Fluorescência de Raios X. Este apoio permitiu compreender melhor alguns fatores de degradação, como as zonas lacunares de policromia e direcionar os procedimentos de conservação e restauro. Esta intervenção, realizada no Laboratório José de Figueiredo (Lisboa), consistiu na reestruturação do suporte de madeira e na reintegração da policromia a técnica de têmpera.

Data do prémio	12 jan. 2024
Idioma original	Portuguese
Instituição de premiação	Universidade Católica Portuguesa
Supervisor	Nuno Camarneiro (Supervisor) & Elsa Filipe de Andrade Murta (Co-Orientador)