Introdução: A esperança média de vida tem vindo a aumentar significativamente na maioria dos países, refletindo-se em cada vez mais reclusos idosos, mas não só, a sofrer de doenças incuráveis com necessidades paliativas. Portugal centralizou os cuidados de saúde a estes reclusos num único hospital prisional. Pretende-se contribuir para um melhor esclarecimento da validade desta solução através da análise qualitativa de entrevistas a diversos profissionais deste estabelecimento, tentando aferir, com base nas suas perceções e experiências, que barreiras e facilitadores existem, e que soluções são propostas. Metodologia: Estudo qualitativo, onde realizadas dezassete entrevistas semiestruturadas, individuais, a uma amostra heterogénea das diversas profissões intervenientes nos cuidados a reclusos com necessidades paliativas, incluindo membros da equipa médica, de enfermagem, de acompanhamento e de segurança. Resultados: Os entrevistados identificaram o excesso de burocracia e ineficiente comunicação com sistemas externos, nomeadamente com o serviço público de saúde e os tribunais, como as principais barreiras à prática de Cuidados Paliativos. Foram também referidas algumas limitações de espaço e de outros recursos, o acesso condicionado aos doentes, especialmente à noite e a deficiente formação nesta área, principalmente na equipa de segurança. Por outro lado, os entrevistados consideram que existem excelentes condições físicas, incluindo equipamento de diagnóstico, facilidade de acesso a suplementos alimentares, equipamento ortopédico e lúdico. Recomendam investir-se numa melhor integração entre as diversas áreas governamentais envolvidas e apostar-se seriamente em mais formação. Consideram ainda ser necessário esclarecer a situação atual dos CP á população em geral. Conclusões: Em geral os CP prestados aos reclusos em Portugal são de qualidade, alinhados com a filosofia aceite na área. Eventuais faltas de recursos podem ser facilmente resolvidas, mas para ultrapassar as barreiras mais complexas é necessário o esforço e a coordenação de diversas entidades externas, como os ministérios da Saúde e da Justiça. É também fundamental investir seriamente na formação destes profissionais.
Data do prémio | 11 jan. 2023 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Manuel Luís Capelas (Supervisor) |
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- Cuidados paliativos
- Fim de vida
- Reclusos
- Profissionais de saúde
- Stakeholders
- Prisões
- Mestrado em Cuidados Paliativos
Experiências e percepções dos stakeholders sobre a prestação de cuidados paliativos e de fim de vida nas prisões portuguesas: um estudo qualitativo
Justino, F. M. D. (Aluno). 11 jan. 2023
Tese do aluno