Introdução: A prevalência crescente de feridas crónicas levou a OMS (2008) a designá-la por epidemia escondida. Um fenómeno com elevado impacto mas cuja prevalência e caraterização se encontra nacional e internacionalmente pouco estudado. Com o objetivo de caraterizar as feridas crónicas em Portugal analisamos a prevalência, características do portador e da ferida, intervenções e custos associados. Material e métodos: Estudo exploratório-descritivo das variáveis obtidas na colheita de dados, que decorreu de janeiro de 2012 a dezembro de 2013, numa amostra representativa da população portuguesa, e que incluiu indivíduos internados nos CSD e indivíduos que recorreram aos CSP. Foram consideradas feridas crónicas, de acordo com Fletcher, úlceras por pressão, úlceras de perna, lesões no pé diabético e feridas malignas. Resultados: Dos 108840 indivíduos observados, 2182 tinham ferida crónica, correspondendo a uma prevalência de 2% nos indivíduos observados e uma prevalência estimada de 1,4/1000 habitantes, 2 em cada 100 indivíduos que recorre aos CSP tem uma ferida cronica e 9 em cada 100 internados. As úlceras por pressão e as úlceras de perna são as lesões crónicas mais prevalentes (0,5/1000 habitantes). Nos CSD a mais prevalente é a úlcera por pressão e nos CSP a úlcera de perna. O portador de ferida crónica na sua maioria tem entre 65 e 79 anos, são não ativos, têm como fatores de risco hipertensão (44,5%), diabetes (25,1%) e insuficiência venosa periférica (24,7%), 61,8% tem dor relacionado com a ferida. O tempo médio de existência da ferida é de 1 ano e 1 mês, têm uma média de score PUSH de 11,45 e 1/5 tem associado infeção. O material de penso mais utilizado no tratamento das feridas complexas é o hidrogel (26,3%) ea hidrofibra (21,4%) e é efetuado na sua maioria 2 vezes/semana. O custo direto de tratamento de cada ferida crónica varia entre o mínimo de 1,52€ e o máximo de 166,32€ e a média é de 11,01€. A média do custo de cada tratamento é superior nos CSP do que nos CSD e a etiologia de ferida com custos superiores é a úlcera de perna mista, seguida da ferida maligna e da úlcera por pressão categoria IV. Nas úlceras por pressão a categoria III é a mais representada (30,3%) e em apenas 40,24% dos indivíduos foi aplicada a escala de Braden. Nas úlceras de perna 62,68% são exclusivamente venosas e em 20,33% não foi efetuado o diagnóstico diferencial, o IPTB apenas foi efetuado a 9,8% dos indivíduos com úlcera de perna. Conclusão: Os resultados deste estudo contribuem para um saber global e mais aprofundado do fenómeno das feridas crónicas em Portugal, fornecendo um conjunto de dados que serão a base de outras investigações e constituem matéria fundamental para o desenvolvimento de medidas promotoras de cuidados eficientes, seguros e de qualidade.
Data do prémio | 7 mar. 2017 |
---|
Idioma original | Portuguese |
---|
Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
|
---|
Supervisor | João Costa Amado (Supervisor) & Paulo Alves (Co-Orientador) |
---|
- Prevalência feridas crónicas
- Caraterísticas do indivíduo
- Características da ferida
- Tratamento
- Custos
- Mestrado em Feridas e Viabilidade Tecidular
Feridas crónicas em Portugal: características, práticas e custos
Barreiro, C. M. P. (Aluno). 7 mar. 2017
Tese do aluno