Hoje, mais do que nunca, fala-se muito da gestão curricular especialmente quando referente à maneira como o professor efectiva o processo de ensino e aprendizagem com os seus alunos. De facto, a uniformidade não tem dado resultados eficazes por causa da diversidade da natureza dos alunos e da urgência de responder às suas necessidades específicas. A preocupação da melhoria deste processo tem sido o foco principal em todas as sociedades, e Angola não foge à regra. Estas preocupações têm motivado muitas reflexões no campo da educação, porque as diversas análises dos diferentes sistemas educativos têm mostrado a necessidade urgente de mudar de rumo para prevenir o persistente insucesso educativo. As leis nacionais e os programas educativos têm definido com clareza os objectivos e os princípios norteadores do sistema educativo tanto o que se refere ao subsistema de ensino pré-escolar como o que diz respeito ao Ensino Primário. Angola ratificou em 1990 a Convenção sobre os direitos da criança, bem como a declaração do Milénio de educação para todos, Dakar 2000. O esforço que tem sido feito no sentido de corresponder positivamente aos dois diplomas referidos não tem surtido o efeito pretendido, por não se respeitar uma distribuição equitativa das condições escolares pelas áreas sóciogeográficas a cobrir. Este facto tem resultado em privilegiar as zonas mais urbanas, em prejuízo das rurais, criando, consequentemente, um desequilíbrio formativo entre as futuras gerações do mesmo país. Em Angola, fala-se pouco da relação entre o ensino pré-escolar e o ensino primário, especialmente no que se refere à articulação, à flexibilidade e à gestão curricular para dar continuidade ao que já se ensinou no subsistema anterior. Registam-se, aliás, casos em que, até se chega a ignorar o longo percurso feito pela criança no ensino pré-escolar. E ela entra no ensino primário como alguém que entrasse pela primeira vez no sistema educativo. No presente trabalho, quisemos entender da melhor maneira possível a realidade educativa. Como tal, identificamos 3 escolas de natureza diferente sendo uma do centro urbano, uma da zona suburbana e outra da zona rural. Para tal, como método de pesquisa, escolhemos o estudo de caso múltiplo, com o objectivo central de compreender como é gerido o currículo no ensino primário, face aos alunos de origem escolar distinta e como isto influencia na qualidade de ensino. Para uma maior compreensão recorremos à fundamentação teórica que nos permitiu conhecer profundamente a evolução histórica das políticas educativas gerais e como estas políticas têm sido aplicadas à realidade angolana. Neste contexto, analisamos as teorias curriculares (tradicionais, críticas e pós-críticas), olhamos também para a questão da gestão curricular (flexibilidade, homogeneidade, heterogeneidade, articulação, continuidade e integração curricular). O estudo empírico permitiu trazer dados recolhidos dos directores pedagógicos, professores e alunos. Da pesquisa realizada identificou-se o seguinte: existência de alunos de natureza distinta que tem levado os professores a encontrarem novas estratégias, flexibilizando o currículo e mudando o modo tradicional de ensinar e, consequentemente, encontrar novas maneiras que garantam qualidade de ensino no contexto em que as instituições educativas se encontram.
Data do prémio | 16 set. 2022 |
---|
Idioma original | Portuguese |
---|
Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
|
---|
Supervisor | José Matias Alves (Supervisor) |
---|
- Gestão curricular
- Origem escolar distinta e qualidade de ensino
- Doutoramento em Ciências da Educação
Gestão curricular no ensino primário face aos alunos de origem escolar distinta e sua influência na qualidade educativa
Chivinda Capingala, J. (Aluno). 16 set. 2022
Tese do aluno