O presente trabalho tem por objetivo fazer o estudo do pensamento de Habermas desde as suas primeiras obras, até às mais recentes, prestando maior atenção às mais importantes, a fim de salientar as noções que estão subjacentes à “teoria do agir comunicativo”, em torno dos seus conceitos fundamentais, como “teoria” e “praxis”, “razão comunicativa” ou “mundo da vida”. Com tal propósito, tivemos de relacionar Habermas com filósofos como Kant, Hegel e Marx, com pensadores pós-modernos como Derrida, Lyotard e Rorty, passando por Husserl e Apel, pelos precursores da teoria da linguagem e das ciências sociais, como Weber, e também pelos seus antecessores da Escola de Frankfurt, entre outros. O trabalho está dividido em cinco capítulos, que procuram descrever o pensamento de Habermas, que se propõe elaborar os fundamentos de uma “doutrina social crítica”, a qual se pretende que assuma a autorrealização da humanidade. Começámos por tratar a relação entre “teoria” e “praxis”, referindo os autores do “direito natural moderno” (Capítulo 1), até à superação deste direito em “direito positivo”, como o único legítimo e politicamente coercivo (Capítulo 2). Habermas defende que existe um laço intrínseco entre a teoria do direito e o “princípio da democracia”, estabelecendo que o princípio do discurso se fundamenta no medium do direito. Analisámos, depois, os diferentes tipos de saber, configurados por um específico interesse humano, até ao “interesse emancipatório”, característico das “ciências críticas” (Capítulo 3). Posteriormente, demos conta da emergência da “esfera pública” no século XVIII, referindo Rousseau e Kant e o conceito de “sistema” no “capitalismo tardio”, bem como o confronto dos filósofos pós-modernos com Habermas, que se reclama da teoria moderna da racionalidade (Capítulo 4). A reformulação discursiva da ética de Kant e a “viragem linguística”, consumada em Teoria do agir comunicativo (1981), foram tratadas de seguida (Capítulo 5). Tal “viragem” culminou na “pragmática universal”, operando a mudança de paradigma da “filosofia da consciência” para o da intersubjetividade do “agir comunicativo”. Habermas elaborou uma teoria da racionalidade a partir do paradigma da linguagem e de uma ética discursiva universalista, impondo uma ciência reconstrutiva visando a emancipação do homem.
Data do prémio | 18 abr. 2016 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Carlos Morujão (Supervisor) |
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- Praxis
- Moral
- Ideologia
- Interesse
- Esfera pública
- Mundo da vida
- Situação ideal de fala
- Verdade
- Pragmática universal
- Emancipação
- Doutoramento em Filosofia
Habermas e a metamorfose da razão na história
Gouveia, A. P. (Aluno). 18 abr. 2016
Tese do aluno