INTRODUÇÃO: A incontinência urinária (IU) é considerada como uma perda involuntária de urina sendo mais frequente nas mulheres do que nos homens. A incontinência urinária tem um impacto negativo na qualidade de vida, com implicações importantes a nível psicológico e físico, na vida social e sexual e com custos económicos elevados. Na mulher, a gravidez e o trauma do parto têm sido considerados fatores de risco significativos para a presença de IU no pós-parto imediato e para a sua persistência no restante ciclo de vida. Com esta tese pretende-se: realizar a validação de dois instrumentos de avaliação a da incontinência urinária e a da qualidade de vida relacionada, avaliar a prevalência da incontinência urinária no pós-parto, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida das mulheres portuguesas. METODOLOGIA: A presente investigação incluiu duas etapas. A primeira consistiu em dois estudos metodológicos em que se realizou a validação dos dois instrumentos para a cultura portuguesa, o ICIQ-UI SF e o ICIQ-LUTSQol. Na segunda, foi realizado um estudo observacional de tipo transversal em que foi constituída uma amostra de 696 mulheres com um parto ocorrido até há um ano e em que foi avaliada a presença de incontinência urinária, os fatores de risco associados e o impacto na qualidade de vida através da utilização de um questionário online disponibilizado nas redes sociais. RESULTADOS: Obtivemos uma taxa de prevalência de 46,6% numa amostra de 696 mulheres tendo 324 participantes referido perdas de urina, ou seja, incontinência urinária. Os fatores de risco identificados e estudados foram a presença de perdas urinárias antes da gravidez, durante a gravidez, o tipo de parto e a idade acima dos 34 anos. A frequência das perdas de urina encontra-se associada a uma menor qualidade de vida. Mesmo perder urina uma vez por semana foi considerado como tendo um grande impacto na qualidade de vida por 18,8% das mulheres. No entanto quando a perda de urina acontece diversas vezes ao dia o impacto é mais significativo mostrando que 63,6% consideram-na ter um grande impacto na qualidade de vida. CONCLUSÃO: Esta tese permitiu a validação de dois instrumentos muito úteis e importantes para a clínica e para a investigação nesta área. Os resultados obtidos neste estudo permitiram concluir que a prevalência encontrada da incontinência urinária no pós-parto corrobora as evidências existentes de que esta condição constitui um problema de saúde que necessita de ser abordado na prática de cuidados. A incontinência urinária tem um significativo impacto na qualidade de vida das mulheres particularmente a nível da sua relação com o seu companheiro, na vida sexual e no bem-estar psicológico.
Data do prémio | 8 out. 2024 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Paulo Alves (Supervisor) |
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- Enfermagem
- Incontinência urinária
- Mulheres
- Qualidade de vida
- Pós-parto
- Doutoramento em Enfermagem
Incontinência urinária no pós-parto: epidemiologia e impacto na qualidade de vida das mulheres
Guerra, M. J. J. (Aluno). 8 out. 2024
Tese do aluno