A eficiência energética coloca-se hoje como uma prioridade na agenda política das Economias, e, consequentemente nas prioridades de ação esperadas das empresas. Todavia, os ritmos de adoção de medidas e de projetos concretos de eficiência energética pelas empresas estão ainda muito aquém do necessário e desejável. A dissertação realizada e exposta neste documento pretendeu dar um contributo neste domínio propondo-se a investigar qual a natureza das barreiras que condicionam as decisões de implementação de projetos de eficiência energética nas empresas em Portugal. O trabalho realizado envolveu a recolha de informação primária junto de gestores de empresas de diferentes ramos de atividade, e pretende informar a definição de estratégias adequadas de mitigação dessas barreiras. Por forma a responder às perguntas de investigação, foi conduzido este trabalho que se estruturou em várias fases: revisão bibliográfica, desenho da investigação e definição da abordagem metodológica, desenvolvimento do instrumento de recolha de dados; delimitação do universo de análise e seleção da amostra do estudo (incluindo a identificação das empresas, e nestas dos contactos e das funções desempenhadas); aplicação dos questionários; colheita e revisão dos dados; análise estatística e produção de relatório de resultados. Este projeto seguiu uma metodologia quantitativa através de aplicação de um questionário original. Todas as empresas participantes neste estudo (via questionário) estão localizadas em Portugal continental e pertencem ao setor industrial. A base de segmentação foi realizada em função de características funcionais da empresa, por esse motivo a abordagem foi realizada em empresas de diferentes setores do tecido industrial Português tendo em comum o facto de serem consumidoras intensivas de energia. A descrição dos resultados foi elaborada em 3 fases. Uma primeira fase consistiu na análise descritiva dos resultados com produção de tabelas e gráficos de frequência. Seguidamente prosseguiu-se a uma análise de correlação estatística de diferenças de médias entre diferentes variáveis utilizando para tal o teste de qui quadrado com nível de significância de 95%. Numa terceira fase foram feitos emparelhamentos de repostas utilizando uma análise de clusters. Destacam-se, contudo, dois resultados com significância e que encontram validação à luz da literatura. No primeiro, verificou-se que das empresas que aceitam período retorno dos investimentos superiores a 3 anos, 78,6% são pequenas e médias empresas (PMEs). No segundo caso, das empresas cujos custos de energia que representam mais de 15% dos custos gerais da empresa, 76,9% fizeram investimentos no ano corrente iguais ou superiores a 20% face ao ano anterior. Através das análises de clusters verifica-se para os dois grupos gerados: • a existência de barreiras ao nível dos custos inerentes aos projetos e de dificuldades de tempo e de compreensão que o projeto de eficiência energética pode exigir. Neste caso são as empresas de média dimensão que apontam mais esta dificuldade. • a análise do setor/ramo das empresas representadas em cada cluster, mostra uma maior dispersão setorial das empresas no cluster 2. • os resultados indicam que o cluster 2 tem empresas maiores, onde o peso dos custos de energia é menor no total da empresa, e que têm uma menor sensibilidade a determinantes externos para aumentar os investimentos energia. São também as empresas que no futuro preveem menos alterações nos investimentos em eficiência energética • nas empresas do cluster 1, a variável tempo é mais determinante. • nas empresas do cluster 1, as variáveis custo e não negócio core foram mais determinantes para impedir projetos de eficiência energética Deverão ser seguidas em estratégias que ajudem aumentar a literacia em eficiência energética e a diminuir custos de projetos como são exemplo: Implementar iniciativas de padronização e credibilização de eficiência de energia; estabelecer programas de formação internos nas empresas; desenvolver bancos de dados sobre soluções de eficiência energética que possa estar disponível para todas as empresas; executar projetos de eficiência energética piloto e usar o sucesso para convencer os outros a tomar as medidas; aumentar o nível de monitorização energética nas instalações e integrar em todas as ações as empresas de serviço de energia. As limitações existentes no trabalho desenvolvido abrem oportunidades de continuidade que são uteis para que a comunidade tenha informação relevante nas possíveis decisões a tomar. Será interessante aumentar o número de respondentes por empresa e avaliar se os resultados sofrem alterações relevantes. Será igualmente interessante avaliar sectorialmente as indústrias, nomeadamente as que apresentam um perfil consumidor de energia mais intensivo.
Data do prémio | 18 jul. 2017 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Marlene Paula Castro Amorim (Supervisor) |
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- Eficiência energética na indústria
- Barreiras à eficiência energética
O apoio à decisão na eficiência energética na perspetiva do gestor empresarial
Marques, H. F. D. C. (Aluno). 18 jul. 2017
Tese do aluno