O humor e o luto nos enfermeiros que trabalham em cuidados paliativos

  • Inês da Cunha Baetas Robalo Nunes (Aluno)

Tese do aluno: Dissertação de mestrado

Resumo

O Humor e o Luto nos Enfermeiros que trabalham em Cuidados Paliativos Objetivo: Explorar a relação entre o humor e a sobrecarga de luto profissional nos enfermeiros que trabalham em cuidados paliativos. Contextualização: Os enfermeiros que cuidam de pessoas em fim de vida em contexto de cuidados paliativos são confrontados na sua prática clínica com um conjunto de situações desafiantes. A morte e os processos muitas vezes prolongados de debilitação progressiva associada a doença incurável têm impacto nos enfermeiros e constituem um stressor importante. A evidência empírica sobre a relação entre o sentido de humor e a vivência do luto profissional pelos enfermeiros é escassa, pelo que a sua disponibilidade heurística é ainda vasta. O conhecimento dos contributos do humor para uma vivência mais saudável do luto profissional pode contribuir para um suporte mais eficaz a este grupo profissional. Material e Métodos: Desenvolveu-se um estudo quantitativo correlacional, aplicando a versão validada e adaptada à população portuguesa da Multidimensional Sense of Humor Scale (Thorson e Powell, 1993a; José e Parreira, 2008) e a Escala de Sobrecarga de Luto Profissional (Marques da Gama, et al., 2011) numa amostra de 66 enfermeiros que trabalham em cuidados paliativos. Os dados recolhidos foram posteriormente submetidos a análise estatística, com recurso a software informático, e a análise interpretativa fez-se com base na evidência científica atualmente disponível. Resultados: Neste estudo não se verificou uma correlação absoluta entre a sobrecarga de luto profissional e o sentido de humor dos enfermeiros, avaliada através dos scores totais obtidos nas duas escalas supracitadas. Verificaram-se, no entanto, algumas correlações estatisticamente significativas entre dimensões particulares de ambos os construtos: a sobrecarga de luto profissional correlaciona-se com o humor adaptativo (rs = 0.249, p<0.05) e com a atitude pessoal face ao humor (rs = 0.323, p<0.01); o humor adaptativo e o confinamento atormentado (rs = 0.266, p<0.05) apresentam uma correlação baixa mas estatisticamente significativa. Também a atitude pessoal face ao humor se correlaciona com o confinamento atormentado (rs = 0.290, p<0.05), com a perda nostálgica (rs = 0.333, p<0.01) e com a partilha incompreendida (rs = 0.272, p<0.05). Conclusões: Os resultados desta investigação confirmam a hipótese de investigação de que o sentido de humor e a sobrecarga de luto dos enfermeiros que trabalham em cuidados paliativos não são fenómenos independentes. As atitudes positivas face ao humor e a utilização do mesmo como mecanismo de coping parecem diminuir a sobrecarga percebida por estes profissionais. Importa, contudo, que se desenvolvam mais projetos de investigação nesta área, identificando necessidades e procurando novas formas sustentadas de suporte a estes profissionais.
Data do prémio30 abr. 2015
Idioma originalPortuguese
Instituição de premiação
  • Universidade Católica Portuguesa
SupervisorHelena Maria Guerreiro José (Supervisor) & Manuel Luís Capelas (Co-Orientador)

Keywords

  • Humor
  • Luto
  • Cuidados paliativos
  • Enfermeiros

Designação

  • Mestrado em Enfermagem

Citação

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