O presente trabalho estuda a vida e obra do padre Manuel Juvenal Pita Ferreira, nascido em 1912, sacerdote da Diocese do Funchal e uma figura destacada no século XX. Marcou muito o seu tempo nos campos religioso, histórico, cultural e social, destacando-se, desde cedo, enquanto seminarista (primeiro, no Mosteiro Novo; depois, no Seminário da Encarnação), pela sua fina sensibilidade para as questões da doutrina e da história. Ordenado presbítero em 1935, é nomeado para importantes cargos eclesiásticos, sendo, mais tarde, vigário paroquial na Ribeira Brava (1938-1940) e em São Vicente (1940-1941), pároco no Porto Santo (1941-1945) e em São Gonçalo (1945-1963) até ao seu falecimento. Dotado de imensas qualidades, viveu uma intensa atividade pastoral, sobretudo na Ribeira Brava, onde soube aliar à instrução catequética o conhecimento cultural, junto dos jovens e das crianças, por meio do teatro, tendo-se ligado também ao Escutismo.Como investigador, com uma predileção especial pela história – embora sem formação específica nesta área (não era doutorado) – contribuiu para o conhecimento mais profundo de algumas realidades, tais como os primórdios e as origens do descobrimento do arquipélago da Madeira, a criação e desenvolvimento da Diocese do Funchal, trazendo a público estudos inéditos sobre estes assuntos, socorrendo-se sempre das fontes primárias (manuscritos e outros documentos, consultados em diversos arquivos), pretendendo fazer justiça aos factos, pelo que chegou mesmo a contrariar alguns estudos e autores do seu tempo e do passado, o que lhe valeu duras críticas, que soube, no entanto, enfrentar com firmeza e argumentos, por meio de provas fidedignas, isto é, demonstrando tudo o que consultou. Incansável na promoção da cultura, promoveu diversas exposições de arte e património religioso (escultura, ourivesaria sacra), em conjunto com o engenheiro Luiz Peter Clode. Soube unir os seus conhecimentos e seu perfil intelectual para o serviço da fé e da Igreja, relacionando a arte sacra e a Liturgia, nomeadamente no concernente às obras de arte presentes na Sé do Funchal.Unindo o seu interesse pela História às suas preocupações de pastor, o sacerdote investiu tempo e forças em estudos de campo, como o estudo folclórico sobre O Natal na Madeira, recolhendo, por toda a ilha, inúmeros dados sobre as tradições natalícias madeirenses (as quadras natalícias, as Missas do Parto, a matança do porco, etc.), cheias de significado e carregadas de fé e do Evangelho. Sacerdote dedicado, integrou-se, nos anos 60, no movimento de renovação da catequese, incrementado na diocese pelo seu bispo, Dom Frei David de Sousa,publicando, em três partes, um Curso de Iniciação Catequística, dirigido aos catequistas e aos catequizandos.Eclesiástico fervoroso, intelectual refinado e homem de valores humanos e evangélicos bem enraizados, soube também estar atento à realidade social do seu tempo, como se pode ver pelo seu discurso às Conferências Vicentinas, realizado em 1945, e pela forma como se abeirou dos pobres e necessitados do lugar onde paroquiava, S. Gonçalo.Esquematicamente, apresentamos Pita Ferreira como um homem de sensibilidade, em várias vertentes: a) a sensibilidade pastoral – demonstrada na renovação da catequese e pela aproximação do povo simples, das crianças e dos jovens, e ainda pela defesa do património religioso; b) a sensibilidade litúrgica com que estudou a Sé do Funchal e seu património artístico; c) a sensibilidade histórica, bem patente na sua investigação, em vários campos: pastoral; popular; eclesiástico; d) a sensibilidade social, a partir do Evangelho, com a qual se demonstrou um homem atento às realidades do seu tempo, aproximando-se dos pobres, no bairro social na Paróquia de São Gonçalo, desde 1945.
Data do prémio | 12 abr. 2021 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | António Matos Ferreira (Supervisor) |
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