Perda e luto são partes integrantes da vida, mas a perda de um irmão é um marco na vida das pessoas, nomeadamente se esta vivência ocorrer durante a infância ou adolescência, e poderá refletir-se não só ao nível da saúde mental, como também na relação parental, nas relações fraternas e nas outras esferas que definem a vida das pessoas. Como não se conhece o significado desta experiência vivenciada neste período da vida e as suas repercussões na vida adulta, nomeadamente na atitude face à saúde, procurou-se descrever a experiência de perder um irmão durante a infância e a adolescência, o seu significado para a vida adulta e identificar as implicações para assistência no âmbito da saúde, em particular para a enfermagem. Visando a compreensão da experiência vivida como foco de atenção para a saúde e para a enfermagem, realizou-se um estudo fenomenológico de natureza interpretativa. Participaram no nosso estudo vinte e uma pessoas da comunidade, selecionadas intencionalmente, respeitando critérios previamente estabelecidos. Para a colheita da informação foram realizadas entrevistas não-estruturadas e necessariamente em profundidade. O fenómeno revelou-se pela narrativa das participantes através de cinco temas comuns que foram denominados: “Ecos da vivência do luto fraterno”; “À procura de uma justificação”; “A felicidade é momentos!”; “Fontes de força interior” e “A vida e a saúde hoje”. Concluiu-se que a vivência de um processo de luto fraterno durante a infância ou adolescência moldou a vida de quem connosco partilhou esta experiência, especificamente os comportamentos face às suas relações e, mais tarde, o significado atribuído à saúde. Os enfermeiros, pelas oportunidades frequentes de proximidade com a criança e família, estão numa posição privilegiada para identificar as famílias com crianças ou jovens que sofreram uma perda e que necessitam de ajuda e de intervenções específicas. Reconhece-se a importância na identificação dos sinais e das caraterísticas de uma perda fraterna experienciada durante a infância ou adolescência, e da avaliação do impacto da mesma na sua vida e das suas famílias, que podem fundamentar uma intervenção planeada com vista a minimizar os efeitos que possam surgir na vida adulta. Identifica-se o impacto da morte da criança na vida dos irmãos e de outros conviventes e o modelo de intervenção que aborda necessariamente a relação de ajuda à família enlutada, de forma integrada. Apesar do interesse dos resultados, reconhece-se a limitação do método e da amostra que exigem mais estudos para validação das conclusões.
Data do prémio | 17 set 2018 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Margarida Maria Vieira (Supervisor) |
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- Criança
- Adolescente
- Luto
- Luto fraterno
- Enfermagem
- Doutoramento em Enfermagem
Perder um irmão até à adolescência: a experiência e o significado na vida adulta
Ramos, S. D. E. D. B. (Author). 17 set 2018
Tese do aluno