Regresso ao trabalho da pessoa que sofreu traumatismo crânio-encefálico
: várias perspectivas para uma mesma realidade

  • Ivo Miguel Rodrigues Rocha (Aluno)

Tese do aluno

Resumo

Os traumatismos crânio-encefálicos constituem um dos grandes problemas de saúde pública, principalmente na população adulta jovem. Este facto é preocupante, pois uma das principais consequências após a lesão é a dificuldade em ingressar/reingressar no mercado de trabalho, devido especialmente a problemas cognitivos e comportamentais. Porque o emprego é considerado como uma das áreas de participação mais importantes para as pessoas em idade adulta, é objetivo deste trabalho identificar que dificuldades estão a ser mais impeditivas para o regresso ao trabalho, tanto do ponto de vista da pessoa que sofreu a lesão, como de um familiar próximo, e comparar estas perspetivas com os resultados da avaliação neuropsicológica. Para tal, foi realizado um estudo qualitativo com cinco pessoas que sofreram TCE e respetivos familiares. Para além da avaliação neuropsicológica, foi realizada uma entrevista semiestruturada, de forma separada a ambos os intervenientes, e passado um questionário (EBIQ-European Brain Injury Questionnnaire, versão portuguesa, Santos et al., 2001), também a ambos, destinado à avaliar a experiência subjetiva de vida. Cada caso foi analisado de forma individualizada, tendo-se verificado em todos uma discrepância entre a opinião dada pelo indivíduo lesado e pelo seu familiar. No geral, os indivíduos que sofreram TCE mostraram uma elevada falta de insight acerca das suas dificuldades, especialmente comportamentais, sendo estas realçadas pelos familiares como as que maior impacto têm para o seu regresso ao trabalho. A avaliação neuropsicológica mostrou que existem mais dificuldades cognitivas do que as que foram relatadas pelos próprios avaliados, mas também pelos seus familiares. Assim, a discordância de opiniões e sobretudo a falta de conhecimento da situação concreta, por parte da pessoa que dá apoio, o familiar, pode em muito contribuir para o não regresso ao trabalho e por tentativas frustradas de reingresso, devido a espectativas irrealistas. Assim, o não regresso a uma atividade produtiva, mesmo de nível inferior ao pré-mórbido, resultará de múltiplos fatores, para além das incapacidades propriamente ditas, como a falta de informação dos familiares e a falta de apoios fornecidos, tanto ao indivíduo que sofreu TCE, como à sua família pelas equipas de reabilitação.
Data do prémio2013
Idioma originalPortuguese
Instituição de premiação
  • Universidade Católica Portuguesa
SupervisorMaria Emília Pinto dos Santos (Supervisor)

Keywords

  • TCE
  • Emprego
  • Formas de avaliação

Designação

  • Mestrado em Neuropsicologia

Citação

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