De que forma podem novos modos de representação ajudar o ser humano a constituir-se como indivíduo? O que sucede quando não nos conseguimos reconhecer em imagens digitais que supostamente funcionam como placeholders (substitutos, mas também representantes ou marcadores de posição) dos nossos corpos?É objetivo desta tese analisar como a produção contemporânea de imagens digitais altera o modo de o ser humano se autoidentificar quando recorre a imagens exteriores aos contornos físicos do seu corpo. Nela são examinados de forma crítica um número de objetos culturais, alguns de entre eles estéticos, sob forma de obras literárias ou de cultura visual, outros prosaicos e quotidianos. As análises empregam o conceito de placeholder numa tentativa de compreender a nossa episteme representacional. No dia a dia surgem invariavelmente questões sempre que somos convidados a nos reconhecer em imagéticas representacionais que não criámos nem controlamos. O primeiro capítulo desta tese, com o título Voice (Voz), foca-se nos momentos em que scanners corporais nos aeroportos produzem efeitos discriminatórios para todos aqueles que não são reconhecidos como plenamente masculinos ou femininos. O segundo capítulo Work (Trabalho) considera as implicações da pornografia com realidade virtual na forma de pensar o trabalho sexual. O terceiro capítulo intitulado Reproduction (Reprodução) considera as tecnologias de reconhecimento facial que são utilizadas para categorizar e reforçar os binários estereotipados daquilo que é considerado normal e anormal no que se refere à sexualidade. O quarto capítulo Sacrifice (Sacrifício) analisa como vão ganhando forma mudanças no tecido representacional no seu todo, sugerindo que a noção de sacrifício tem uma importância central nas questões éticas e políticas que surgem nos primeiros três capítulos.Nem a literatura, a filosofia, a linguística ou a psicanálise, nem a teoria queer ou feminista logram por si só enfrentar as especificidades das visualidades digitais contemporâneas. Ao mobilizar conjuntamente estes diversos campos e disciplinas, e ao convocar short stories de Franz Kafka que informam as minhas leituras, a presente tese analisa obras dos vídeo-artistas digitais Agnieszka Polska, Kate Cooper, Cécile B. Evans e Ed Atkins, numa tentativa de teorizar os problemas quotidianos que se nos apresentam sempre que nos vemos representados digitalmente.
Data do prémio | 26 nov. 2021 |
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Idioma original | English |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Isabel Capeloa Gil (Supervisor) & Frederik Tygstrup (Co-Orientador) |
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- Placeholder
- Representação
- Digital
- Poder
- Sujeito
- Arte
- Corpo
- Doutoramento em Estudos de Cultura
The individual and the placeholder: incorporated subjects in digital art
Willemars, I. F. D. M. R. (Aluno). 26 nov. 2021
Tese do aluno