A violência por parceiro íntimo (VPI), no presente estudo, refere-se às situações de violência nas relações de intimidade, independentemente do tipo de relação, perpetuada pelo companheiro durante a gravidez. A dimensão deste fenómeno a nível mundial e as consequências sobre a saúde da mulher, fetal e neonatal são conhecidas, as quais apelam a políticas de intervenção para a minimização do problema. Em Portugal dão-se os primeiros passos para o rastreio sistemático da VPI durante a gravidez, para capacitar as equipas de saúde e adequar as intervenções. Contudo, a verdadeira dimensão deste fenómeno durante a gravidez ainda está por conhecer, para a qual contribuiu este estudo. Realizou-se um estudo da prevalência de VPI durante a gravidez na Região Centro de Portugal, colhendo dados através de um questionário aplicado a 1342 puérperas, internadas em hospitais de apoio perinatal e apoio perinatal diferenciado. A VPI foi operacionalizada através da CTS2 versão portuguesa (CTS15) com cinco dimensões: negociação, agressão psicológica, abuso físico sem sequelas, coerção sexual, abuso físico com sequelas. Para caracterizar as mulheres expostas a VPI durante a gravidez colheram-se dados demográficos, da história reprodutiva, da gravidez recente e da evolução perinatal, que permitiram o estudo da relação/associação entre as diferentes variáveis e a VPI. Os resultados evidenciaram que a VPI é uma realidade na Região Centro, sobressaindo alterações no padrão de negociação dentro da relação, no período de gravidez. De entre os fatores demográficos sobressaiu o nível de escolaridade da mulher, o desemprego, baixo rendimento e história anterior de violência familiar, com associação significativa à presença de VPI durante a gravidez. Relativamente à história reprodutiva, a evidência revelou maior probabilidade de VPI em mulheres com maior número de gestações, mas menor em mulheres com história de Ameaça de Parto Pré-Termo e Parto Pré-Termo anterior. Os resultados evidenciam a tendência ao não planeamento da gestação, com tendência para a procura de consultas prénatais dependendo da natureza dos atos de agressão, verificando-se a procura precoce da vigilância de saúde nas situações de abuso físico. Quanto aos comportamentos de saúde na gravidez, foi possível encontrar associação entre a VPI e o tabagismo e consumo de álcool, por parte das participantes do estudo. Não foi possível concluir quanto aos resultados perinatais. Os resultados do estudo complementam o conhecimento até ao momento disponível em Portugal sobre a VPI na gravidez, contribuem para a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, para orientar o ensino de Enfermagem e para produzir novas investigações.
Data do prémio | 22 out. 2018 |
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Idioma original | Portuguese |
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Instituição de premiação | - Universidade Católica Portuguesa
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Supervisor | Margarida Maria Vieira (Supervisor) |
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- Violência
- Violência por parceiro íntimo
- Gravidez
- Enfermagem
- Doutoramento em Enfermagem
Violência por parceiro íntimo na gravidez e consequências perinatais
Moreira, R. M. D. S. (Author). 22 out. 2018
Tese do aluno