Vivência da sexualidade em jovens universitários
: estudo comparativo entre usuários e não usuários da contraceção de emergência

  • João Francisco de Castro (Aluno)

Tese do aluno

Resumo

Os jovens adultos, e em particular os jovens universitários, pela sua maior autonomia são um grupo prioritário de intervenção, pela prevalência de comportamentos de risco com relevo na vivência da sua sexualidade. As consequências destes comportamentos têm reflexo numa utilização substancial da contraceção oral de emergência (COE), de consumo autorregulado, que não pode ser visto como inócuo para a saúde dos jovens e, em particular, no seu impacto no início da vida do ser humano. Como qualquer intervenção necessita de um conhecimento prévio da situação, o mais detalhado possível, estabelecemos como objetivo geral deste estudo, a caracterização da vivência da sexualidade dos estudantes do ensino superior, identificando as eventuais diferenças entre usuários e não usuários da COE. Trata-se de um estudo descritivo-correlacional, transversal e de abordagem quantitativa, que teve por base os estudantes universitários, de uma universidade da região norte de Portugal, num total de 1.164 estudantes. Como quisemos fazer uma avaliação da atitude e conhecimento acerca da COE de forma mais pragmática e com rigor científico, implementámos, para o efeito, um estudo preliminar para a tradução e validação de duas escalas para a população portuguesa - a “Knowledge-on-ECPs Scale” e a “ECPs-Attitude Scale”. Os resultados indicam que existe um grande número de jovens com uma vida sexual ativa (77,8%), em que os comportamentos de risco estão muito presentes (34,8%), nomeadamente pelo uso inconsistente dos métodos contracetivos, propiciando a existência de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada. Os comportamentos protetores e/ou profiláticos no âmbito da saúde sexual e reprodutiva, são pouco mencionados pelos jovens, sendo que estes estão mais presentes no sexo feminino. O uso da COE está relacionado significativamente com os jovens universitários que: i) demonstraram uma atitude mais favorável em relação à COE; ii) detinham um conhecimento superior da COE; iii) tinham atitudes sexuais mais positivas e utilitárias; iv) valorizavam os motivos para fazer sexo; v) adotavam comportamentos de risco; vi) tinham mais idade; vii) não tiveram aulas de educação sexual. Realça-se, ainda, uma aparente correlação negativa, embora sem significado estatístico, entre o conhecimento e a atitude face à COE, que sugere que quanto maior é o conhecimento acerca da COE, menos favorável é a atitude em relação à mesma. Neste sentido, podemos inferir que a existência de uma atitude mais positiva entre os utilizadores da COE não se baseia em conhecimento efetivo, o que se confirma com o modesto conhecimento que registámos.
Data do prémio20 set. 2023
Idioma originalPortuguese
Instituição de premiação
  • Universidade Católica Portuguesa
SupervisorCarlos Manuel Torres Almeida (Supervisor) & Walter Osswald (Co-Orientador)

Keywords

  • Anticonceção pós-coito
  • Saúde sexual e reprodutiva
  • Comportamentos de risco
  • Estudantes universitários

Designação

  • Doutoramento em Bioética

Citação

'